quinta-feira, 4 de julho de 2013

O ANIVERSÁRIO DE VISEU

          O município de Viseu comemora no próximo dia 06 de julho, 118 anos de criação. Na comemoração desse pouco mais de um século de vida, é interessante que nós que gostamos de nosso município saibamos um pouco de sua história. Vale a pena dar um passeio pelo município de Viseu dos anos 50. Lendo esse breve relato, podemos dimensionar o trabalho que tiveram aqueles que nos antecederam na construção da história de nosso município. Muitas páginas ainda haveremos de escrever.
          Para Viseu e para os viseuenses, que neste dia 06 de julho de 2013, quando comemoramos 118 de nossa elevação a município, ou como queiram, a cidade, deve ser uma data muito significativa, afinal parece longa mas, podemos considerar que é uma curta existência e cabe a nós o comando de nosso destino. Viseu faz aniversário mas a festa é de todos os viseuenses. A seguir um pouco de sua história:

O MUNICÍPIO DE VISEU NOS ANOS 50


Viseu: Topônimo de origem lusa. Quer significar “lugar alto ou elevado”, de onde se avista ao longe. “As formas documentadas de Veseo, século VII, Veseum, durante o Califado de Córdova (século VIII e seguintes) e Viseo, no século X, mostram a evolução morfológica do vocábulo e que ele deve ser escrito com “s” e não com “z”. (I. Xavier Fernandes – Topônimos e Gentílicos).

UM POUCO DE SUA HISTÓRIA
Os franceses foram os primeiros europeus que pisaram no atual município de Viseu, quando, no começo do século XVII, estabeleceram-se no Maranhão. Mantiveram os primeiros contatos com os índios da Tribo dos Tupinambás, no Rio Piriá.
Em 1613, com a vinda de Diogo de Campos e de Jerônimo de Albuquerque, mandados por Gaspar de Souza para desalojar os franceses, insistiu o primeiro com o último para fortificar o Piriá e pela aliança com os Tremembés, inimigos dos Tupinambás, que eram amigos dos franceses.
O primeiro povoado deste município, fundado em 1620, por ordem dos Francisco Coelho de Carvalho, era uma aldeia dos índios Arapitangas, e se assentou às margens do Rio Gurupi.
O território de Viseu fez parte da Capitania do Gurupi, doada por Felipe III de Espanha, por carta da data de 9 de fevereiro de 1622, a Gaspar de Souza, Governador Geral do Brasil, de 1612 a 1616, capitania que se estendia do Rio Caeté ao Rio Turiaçu, com 20 léguas de fundos.
Francisco Coelho de Carvalho, na viagem que fez a Belém, entrou no Rio Gurupi, para visitar a porção de Vera Cruz, e desrespeitando a carta régia de Felipe III, doou, nesse ano, a seu filho Feliciano de Carvalho, a mesma capitania.
A corte de Madri, entretanto, desaprovou o ato do governador Francisco de Carvalho, a requerimento de Álvaro de Souza Filho, filho de Gaspar de Souza e seu herdeiro.
A Feliciano Coelho de Carvalho, em compensação, foram doadas as terras do Camutá, onde ele fundou a vila de Viçosa de Santa Cruz.
Álvaro Souza fundou Souza do Caeté, à margem do Rio Caeté, lançando os alicerces da atual sede de Bragança, erigida depois, acima da antiga vila do primeiro donatário.
O povoado de Vera Cruz pouco se desenvolveu.
Como freguesia passou para a Independência.
Com a divisão dos Termos e Comarcas da Província do Pará, nas sessões de 10 e 17 de maio de 1833, o Conselho do Governo Provincial, as freguesias de Viseu, Piriá e São José do Gurupi, foram incorporadas ao município de Bragança, do qual fizeram parte até 1856, quando a Lei nº 301, de 22 de dezembro, deu à freguesia de Viseu a categoria de Vila, erigindo seu território em município.
Em ofício de 22 de junho de 1857, o presidente da Província, Tenente-coronel Henrique Beaurepaire Rohan, determinou a Câmara Municipal de Bragança, então constituída entre outros por Joaquim Inocêncio Santiago, presidente e Manoel Antonio da Silveira, Francisco Antonio da Cunha, Antonio Martins e João Manoel Conde, vereadores, que tomassem as providencias necessárias para a eleição de vereadores, a fim de dar cumprimento à Lei 301, de 1856 e instalar o mais breve possível o novo município criado.
Com a proclamação da República, o governo provisório do Estado do Pará dissolveu a Câmara Municipal pelo Decreto nº 116, de 26 de março de 1890, criando pelo Decreto nº 117, da mesma data, o Conselho da Intendência Municipal.
Em ato ainda de 26 de março de 1890, foram nomeados para o Conselho de Intendência Municipal, José Lopes de Queiroz, presidente, e, vogais, Pedro Fernandes Alves, Otávio Antonio Pinheiro, José dos Santos Ferreira, Francisco Amorim Travassos, Marcos dos Reis e Silva e Olimpio José Pereira.
No triênio (1915-1918), exerceu o cargo de Intendente municipal, Bruno de Oliveira Lisboa.
A Lei nº 28, de 30 de junho de 1892, criou a Comarca de Viseu, que a portaria de 9 de dezembro do mesmo ano, mandou instalar no dia 10 do mesmo mês.
Viseu foi elevada a categoria de cidade pela Lei 324, de 06 de julho de 1895, sendo instalada em 16 de novembro seguinte, conforme o Decreto nº 146, de 4 de novembro de 1895.
Os Decretos Estaduais números 6, de 4 de novembro de 1930 e 78, do mês seguinte, suprimiram o município de Viseu, cujo território ficou sob a jurisdição direta do Estado. Restaurou-o, porém, a Lei Estadual nº 8, de 31 de outubro de 1935, ao consigná-lo em sua relação dos municípios existentes no Pará.
Segundo os quadros de divisão territorial datados de 31.12.1936 e 31.12.1937, o município de Viseu subdivide-se em 4 distritos: Viseu, Emboranunga, São José do Gurupi (Gurupi, simplesmente, de 1936) e São José do Piriá (Em 1936, São João do Piriá). Mais tarde o distrito de Emboranunga passou a chamar-se Fernandes Belo.
Pelo disposto no Decreto-lei Estadual nº 3.131, de 31 de outubro de 1938, que fixou a divisão territorial do Estado, a vigorar no quadriênio 1939-1943, o município de Viseu passou a abranger mais um distrito, o de Camiranga, criado com território desligado de São José do Gurupi. Assim nessa divisão o compõe 5 distritos: Viseu, Camiranga, Fernandes Belo, São José do Gurupi e São José do Piriá, o que também se observa na divisão territorial do Estado, vigente no qüinqüênio 1944-1948 e estatuída pelo Decreto-lei Estadual 4.505, de 30 de dezembro de 1943.
A legislatura de 1955 elegeu para prefeito municipal o senhor Raimundo Moacir Bogea e constituída a Câmara Municipal com 7 vereadores.

LOCALIZAÇÃO
O município de Viseu situa-se na Zona Fisiográfica do Gurupi e limita-se com os municípios de Augusto Correa, Bragança e com o Oceano Atlantico. A sede da comarca dista 263 km em linha reta da capital do Estado e fica em 35º lugar em escala de distancia de Belém, tendo as coordenadas geográficas de 1º 12’ 34” de latitude Sul e 46º 08’ 17” de longitude W Gr.

ALTITUDE
O Município registra a maior altitude na sede, com 8 metros, sendo o 27º em ordem de altitude do Estado.

CLIMA
O Município apresenta o clima natural da Amazônia, superumido. Sem estação meteorológica, não foi calculada a temperatura.

ACIDENTES GEOGRÁFICOS
Principais acidentes geográficos: Rio Gurupi, que nasce no Estado do Maranhão, corre em direção norte, deságua no oceano Atlantico; é navegável por lanchas a motor de maior calado até o distrito de São José do Gurupi e até Camiranga por pequenas embarcações; suas águas banham Viseu e os distritos de São José do Gurupi e Camiranga, localidades às margens desse rio; Rio Piriá, nasce ao Sul do município e desemboca no Oceano Atlantico. Navegável por pequenas embarcações até a sede distrital de São José do Piriá; Rio Emboranunga, nasce ao Sul do município, corre para norte e, desaguando no Oceano Atlantico. Navegável por pequenas embarcações até o povoado de Açaiteua. Suas águas passam pelo referido povoado e outros lugarejos. É limite com o município de Bragança. Cachoeiras: de Santo Antonio, Algibeira, Tapi-Açuê, Itapecum, todas com 200 a 300 metros de comprimento. Serras: do Piriá, co uma elevação chamada Peito de Moça (500 metros).

RIQUEZAS NATURAIS
O ouro aparece como principal riqueza mineral; madeiras em geral constitui as vegetais. Peles de animais silvestres destacam-se como a animal.

POPULAÇÃO
Segundo recenseamento de 1950, a população de Viseu era de 19.893 habitantes e tinha a seguinte distribuição: homens – 10.411; mulheres – 9.482; brancos – 1.993; pardos – 17.568; pretos – 294; nenhum da raça amarela. Das pessoas de 15 anos e mais, em número de 11.164, desse total 6.606 eram solteiros, 4.480 casados, 704 viúvos e 2 desquitados. Existiam apenas 9 estrangeiros e 4 brasileiros naturalizados. Religiosamente predominavam os que se confessaram católicos romanos, em número de 19.636; as outras religiões acusaram ínfimo número de adeptos.
Segundo estimativa do Departamento Estadual de Estatística, a população do município de Viseu em 31.12.1956, era de 22.423, sendo 6.857 no Distrito de Viseu, 1.749 no Distrito de Camiranga, 6.085, no Distrito de Fernandes Belo, 1.170 no Distrito de São José do Gurupi e 6.562, no Distrito de São José do Piriá.

AGLOMERAÇÕES URBANAS
O município possui cinco aglomerações urbanas principais: A cidade de Viseu com 1.189 habitantes (547 homens e 642 mulheres); a Vila de Camiranga, com 189 habitantes (96 homens e 93 mulheres); a Vila de Fernandes Belo, com 666 habitantes (345 homens e 321 mulheres); a Vila de São José do Gurupi, com 427 habitantes (232 homens e 195 mulheres); a Vilas de São José do Piriá, com 824 habitantes (397 homens e 427 mulheres), segundo dados do recenseamento de 1.950. Além da cidade e vilas, existem os seguintes povoados: Fazenda Real, com 30 casas e 160 moradores; Limondeua, com 62 casas e 400 moradores; Basília, com 70 casas e 350 moradores; Açaiteua, com 600 casas e 2.500 moradores; Braço Verde, com 90 casas e 300 moradores; Ita Açu, com 40 casa e 200 moradores; e Centro Alegre, com 20 casas e 100 moradores.

ATIVIDADES ECONÔMICAS
A indústria extrativa esta assim constituída: de origem vegetal: madeiras em geral; de origem mineral: somente ouro; e de origem animal: peixes e peles de animais silvestre.
O município assenta sua economia, principalmente na produção de fibras, cuja exportação em 1956 atingiu 371925 kg, no valor de Cr$ 3.483.660,00. Seguindo-se o gado suíno com 1.797 cabeças, rendendo Cr$ 687.210,00; arroz com casca, com 131.1940 kg, somando Cr$ 425.494,00; gado bovino, com 90 cabeças, perfazendo um total de Cr$ 306.500,00; e farinha de mandioca, com 67.655 kg, rendendo Cr$ 267.650,00. O valor global da produção do município foi de Cr$ 5.759.732,00.
Existem no município oito estabelecimentos industriais, sendo uma serraria, dois engenhos para fabricação de aguardente, uma fábrica de sabão, três pequenos cortumes e uma olaria, além de pequenas instalações que se dedicam ao fabrico de farinha de mandioca.
Das pessoas em idade ativa (10 anos e mais), 30,4% estão ocupadas na agricultura, pecuária e silvicultura.

COMERCIO E BANCOS
O comércio mantém transações comerciais com a as praças de Bragança e Belém, no Pará e Carutapera, no Maranhão. Há no município 49 estabelecimentos comerciais do sistema natural da Amazônia: atacadistas e varejistas ao mesmo tempo.

MEIOS DE TRANSPORTE E COMUNICAÇÕES
Viseu comunica-se com os municípios limítrofes: Bragança, no Pará: 108 km marítimo e fluvial; Carutapera, no Maranhão, por via marítima; Capital Estadual: 336 km, marítimo, fluvial e ferroviário, via Bragança. Conta com uma Agência Postal Telegráfica na cidade e outra do correio no interior, ambas do Departamento de Correios e Telégrafos – D.C.T.

ASPECTOS URBANOS
A cidade de Viseu tem 24 logradouros públicos. Possui 306 prédios e segundo dados do Recenseamento Geral de 1950, conta com 1.189 habitantes. É servida de luz elétrica. A iluminação pública se estende a 17 logradouros e a domiciliária conta com 120 ligações.

ASSISTENCIA MÉDICO-SANITÁRIA
Existe um Posto Sanitário, mantido pelo Governo Estadual, para os serviços de assistência médica em pequena escala, por um guarda sanitário.

ALFABETIZAÇÃO
O recenseamento de 1950 verificou a existência de 16770 pessoas de 5 anos a mais, sedo que 4.063, ou seja, 24,2% sabiam ler e escrever. Destas 2.360 eram homens e 1.703 mulheres. Na cidade das 1031 pessoas de cinco anos e mais, 597 sabiam ler e escrever e destas 251 eram homens e 346 mulheres.

ENSINO
Em 1956 funcionaram 65 unidades de ensino primário fundamental comum, com matrícula total de 4.189 alunos, na cidade e no campo.

OUTROS ASPECTOS CULTURAIS
Contam-se vários clubes de futebol na cidade e no interior do município. As dificuldades de transporte e comunicação não permitem maior intercambio esportivo com os municípios vizinhos.

FINANÇAS PÚBLICAS

ANOS
RECEITA ARRECADADA (Cr$ 1.000)
DESPESA REALIZADA NO MUNICÍPIO (Cr$ 1000)
Federal
Estadual
Municipal
Total
Tributária
1950
-

852
327
653
1951
-
81
686

626
1952
-
141
895

719
1953
-
129
1536
294
1245
1954
-
133
1295
246
1706
1955
-
117
1159
528
993
1956 (1)
-

1037
383
1037

MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS E FOLCLÓRICAS E EFEMERIDES
A festa religiosa tradicional de Viseu é o “Círio” de Nossa Senhora de Nazaré, realizado em novembro e que atrai católicos de todo o município dos municípios vizinhos. Festeja-se também São Benedito e São Sebastião, que embora tradicionais, contam apenas com romeiros da cidade.

VULTOS ILUSTRES
Destaca-se o Dr. Mariano Antunes, Bacharel em Direito e jornalista, que ocupou por muitos anos 0 cargo de Juiz de Direito em várias Comarca do Interior e na Capital do Estado. Em 1938, presidiu a Comissão revisora de Divisão Territorial do Estado.

ATRAÇÕES TURÍSTICAS
A baia da Foz do Piriá, com o famoso e temido Quebra-Pote, agitação provocada pelo encontro das águas do rio com as do oceano, é sem dúvida motivo de interesse turístico.
A foz do Rio Emboranunga, limite municipal com Bragança, é um belo espetáculo. As praias do município de Viseu são de grande beleza.

OUTROS ASPECTOS DO MUNICÍPIO
Os habitantes do município recebem o nome de viseuenses.
É sede de Comarca e Termo Judiciário com cinco distritos judiciais (Hoje são apenas 4).
O eleitorado é de 5.093 eleitores.
Viseu é o município mais oriental do Estado e é vizinho do Estado do Maranhão. A influencia dos costumes maranhenses é bem acentuada. A vida é relativamente barata, quanto à alimentação bem farta de peixes e mariscos, embora escassa de carne bovina.
A ausência de ligação terrestre com o resto do Estado, ainda não permitiu maior desenvolvimento no município. Somente por via fluvial e marítima, em embarcações de pequeno calado (motores, lanchas e canoas veleiras) é feito o transporte entre Bragança e Viseu, em mais de doze horas de viagem, enfrentando o Oceano. A futura rodovia já em construção (BR 22) proporcionará fugir da atual situação de isolamento.

BIBLIOGRAFIA
Annaes da Bibliotheca e Archivo Público do Pará – Tomo Nono – João Palma Muniz – 1.916. Sinopse Estatística do Município de Viseu – C. N. E. – 1948 – Arquivo da Agencia Municipal de Estatística. – Documento da Inspetoria Regional de Estatística do Pará; Elaboração da Inspetoria Regional da Estatística do Pará (junho de 1957).