domingo, 15 de junho de 2014

A BIBLIOTECA COMUNITÁRIA DE FERNANDES BELO




Recebemos hoje pela manhã um telefonema do amigo professor Carlos Fernando Gonçalves, lá da Vila de Fernandes informando que insetos ratos e outras pragas estão acabando com o acervo de quase 8.000 livros que conseguimos para uma biblioteca comunitária que pretendíamos colocar em funcionamento naquela vila.

O acervo serviria para levar um pouco mais de cultura para a juventude estudantil não só da Vila de Fernandes Belo, mas também das localidades vizinhas, que nunca receberam esse tipo de atendimento, pois é vergonhosa a forma como a administração municipal (Prefeito Cristiano Vale e Secretária Sônia) trata a educação no município de Viseu.

Pedimos ajuda ao prefeito para instalar a biblioteca. Inicialmente ele até ajudou e prometeu disponibilizar recursos para fazer a adequação do imóvel que conseguimos para instalar a biblioteca. Mas ficou só na promessa.

Infelizmente, políticos próximos ao prefeito, contrários a nossa luta em favor da comunidade, tanto insistiram que o prefeito Cristiano Vale retirou todo o apoio que vinha dando a iniciativa, que não é só nossa, tem várias outras pessoas da comunidade envolvidas. Um dos mais ardorosos defensores dessa campanha é o professor Carlos Fernando (Motora). E o que é mais graves, pessoas residentes em nossa comunidade de transito fácil junto prefeito Cristiano também se mostraram contrários ao nosso projeto. Preferem que o prefeito continue a ajudar em festas e outras coisas do gênero. Cultura não!

Isso mostra o grau de envolvimento desses políticos com nossa comunidade, com nossa juventude. Para eles interessa um povo sem cultura, sem conhecimento, pois povo sem cultura exige pouco dos governos. Dessa forma, quanto mais inculto for o cidadão melhor para eles. A farra vai ser mais tranquila.

Vocês lembram de alguma ação desses políticos em prol de Fernandes Belo? Eu não conheço e nem lembro. As poucas obras que chegaram a nossa localidade fazem parte de um programa macro do governo federal. Não existe nada que seja de iniciativa dos políticos locais. Mas eles voltarão a lembrar de vocês quando precisarem novamente de seu voto (está chegando a hora). Em outubro teremos eleições.

Pensando no melhor para nossa comunidade, também tomamos a iniciativa de escolher dois jovens de nossa comunidade de Fernandes Belo para realizar treinamento na Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, no sistema de Biblioteca. Ali aqueles jovens se qualificaram para atender a comunidade estudantil que certamente iria procurar a biblioteca. Até aqui todo o esforço tem sido em vão.

Sinceramente eu particularmente acredito que a pressão que o prefeito Cristiano Vale sofreu para não mais ajudar na instalação foi muito forte. Entre nós sempre existiu um respeito profundo, mais depois desse episódio a autoridade máxima do município nunca mais nos atendeu, nem mesmo as ligações telefônicas que antes eram constantes entre nós. Creio que deve ter acontecido algo mais ou menos assim: Se tu ajudares esse camarada perdes o nosso apoio. Sei até quem é autor maior dessa pressão... Mas o dia desse cidadão vai chegar. A juventude de Fernandes Belo vai saber dar a resposta. A nossa resposta para isso ele sabe como será...

Essa situação nos deixou revoltado, tanto que chegamos até a dizer ao professor Motora, que iriamos até Fernandes Belo na semana que vem fazer uma grande fogueira com esses mais de 8.000 livros e convidar o prefeito (Cristiano Vale), a Secretaria de Educação (Sônia) e todos os vereadores do município de Viseu (Neto, Abudy, Frack, Colota, Domingos Leite, Junior Mandy, Avelino, Rafael, Zacarias  e Cherliane) para acompanhar o protesto pelo descaso pela educação e cultura em nosso município. Confesso que a vontade de fazer isso é muito grande. E convidar também os políticos de oposição, para os quais isso seria um prato cheio. A revolta é sem limites pois nunca vimos tanta falta de compromisso com a juventude estudantil.

Mas disposição de colocar essa biblioteca não morreu. Temos a mais absoluta certeza que essa biblioteca seria um presente de valor inestimável para nossa juventude. E está nas mãos do prefeito Cristiano Vale ajudar ou virar as costas para esse importante projeto para a nossa comunidade. Por isso essa nossa luta vai continuar e para isso gostaria de chamar nossa juventude para vir nos ajudar nesse projeto. Eles, só eles ganharão com isso.

Uma curiosidade. Fernandes Belo e região não possui nenhuma biblioteca que possa atender a necessidade da comunidade estudantil e por que não dizer de toda uma comunidade.

Com a palavra o prefeito Cristiano Vale e o deputado Federal Lucio Vale... e a comunidade!


Antonio Pantoja da Silva
Presidente da Associação do Movimento Emancipalista de Fernandes Belo

domingo, 1 de junho de 2014

IGARAPÉ AÇU : Estrada de Ferro Belém/Bragança e os caminhos da história



PRESERVAR OU DESTRUIR?

Já faz um certo tempo que postamos algumas imagens a respeito das pontes de ferro da Ferrovia Belém/Bragança. A Secretaria de Turismo do Estado do Pará, desenvolve ações que envolvem outras secretarias de estado, visando resgatar a memória da antiga ferrovia, que muito contribuiu para o desenvolvimento da região Nordeste do Estado. Bragança, Capanema, Peixe Boi, Nova Timboteua, Igarapé Açu, São Francisco do Pará, Castanhal, Santa Izabel do Pará, Benevides, Marituba e Ananindeua, foram cidades que nasceram, cresceram e se desenvolveram ao longo do ferrovia que ligava Belém a Bragança.

As secretaria de estado, com proposta para escrever a história dessa importante ferrovia, pretende revitalizar a ponte de ferro sobre o Rio Livramento, na divisa dos município de Igarapé Açu e Nova Timboteua. A revitalização da caixa d' água que abastecia as Marias Fumaças, também deve ser revitalizada.

Para que isso aconteça, entretanto, deve acontecer um pouco de mutilação desses pontos de referencia da ferrovia. Na ponte que fica sobre o Rio do II Caripi, próximo a Vila do Caripi, no município de Igarapé Açu, já começou a ser retirada, sem que houvesse qualquer movimento visando preservar esse capítulo da história. a comunidade estudantil de Igarapé Açu parece que não se sensibilizou com o fato.

Ontem a tarde ao passar pela Vila do Jambuaçu, no município de São Francisco do Pará, vi que acontecia algo parecido com uma feira cultural: "O Dia do Desafio". Chamou nossa umas faixas afixadas na ponte, com os dizeres: "CONTRA A RETIRADA E A FAVOR DA PRESERVAÇÃO".
Dias atrás também aconteceu uma manifestação promovida pelos vereadores de são Francisco do Pará, contra a retirada da ponte. Afinal aquela obra de engenharia representa um marco para a Vila do Jambuaçu e para o município de São Francisco do Pará. Fazem muito bem os vereadores e a comunidade estudantil, quer não querem que levem do município um elemento muito importante no contexto histórico da Estrada de Ferro Belém/Bragança e também para aquela comunidade.
















LEITURAS QUE VALEM A PENA



Bala pra todo lado

Alguma coisa acontece na cabeça da presidente Dilma Roussef quando se cruzam ali dentro a avenida por onde passam os pensamentos que ela quer transmitir ao público e a avenida de onde eles saem para o mundo, depois de transformados em palavras. Ou, ao contrário, alguma coisa deveria acontecer nessa hora e não acontece. Seja por um motivo ou por outro, o fato é que a presidente, de uns tempos pra cá não está fazendo muito sentido, ou mesmo nenhum sentido, quando fala de improviso. Dilma, nessas ocasiões, imagina que está usando a linguagem do “grande público”. Mas a coisa não vai. Ela dá na chave, dá de novo, insiste, mas o motor não pega. O resultado final é que só vem conseguindo tornar-se cada vez mais incompreensível. Não é exagero. Tente, por exemplo, entender o seguinte: “quando você chega num banco, ele te pergunta, qual a garantia que você me dá? Eu vou pagar a vocês, para me aceitar emprestar um dinheiro pra você me pagar”.  Isso ai foi dito pela Dilma em Feira de Santana, no fim de abril, numa viagem de sua campanha eleitoral em que presenteou as prefeituras do interior da Bahia com tratores, escavadeiras e outras máquinas. Não é uma distorção do que disse, nem um boato – é o que consta nos registros oficiais do Palácio do Planalto. Não é tão pouco uma frase “fora do contexto” é fora da compreensão humana.

Pelo jeito, a presidente está tendo dificuldades nos circuitos cerebrais que traduzem as ideias em sons, os sons em palavras e as palavras em frases inteligíveis. As cordas vocais não estão obedecendo às ordens enviadas pelo cérebro – ou o cérebro está enviando ordens desconexas para aas cordas vocais. No caso de Feira de Santana, não conseguiu acertar nem a pontuação. Poderia ter sido, talvez, apenas um momento infeliz? Infelizmente não foi, com certeza; mas não foi um momento. Ao contrário, esse caos que Dilma constrói quando fala em público vem sendo um processo, ou pelo menos uma série de muita constância.  É só ver o que ela anda falando. “Esse receituário, que quer matar o doente, em vez de curar o paciente, ele é complicado”, disse numa recente viagem à África do sul, referindo-se às ideias de controlar a inflação através de redução do gasto público. “Isso está datado”. Como assim? Matar o doente, como ela diz não é “complicado”; é simplesmente estúpido. Também não é um tratamento “datado”, que já valeu mas hoje está obsoleto; matar gente nunca foi certo.

Ainda outro dia, numa conversa com jornalistas em Brasília, voltou às suas aulas de economia: “Aí vem uma pessoa e diz que a meta de inflação é 3%. Faz uma meta de 3%... Sabe o que significa? Desemprego lá pelos 8,2%. De onde vêm esses exatíssimos “0,2%” que ela acrescenta aos 8% quando seu governo não acerta sequer uma previsão para o dia seguinte? Dilma já disse que “a inflação foi uma conquista desses dez últimos anos de governo, do presidente Lula e do meu governo”. Supõe-se que tenha havido aí um desencontro entre o que pensou e o que falou – e o que pensou era mentira. Num seminário nos Estados Unidos, enfiou-se de repente no tema ônibus escolares e informou à plateia: “No Brasil não é assim conosco”. Estamos criando o ônibus escolar padronizado do início do século XXI”. Logo depois explicou ao investidor privado que “se quiser fazer o backroll, perfeitamente, ele faça o backroll, se quiser fazer o backbone, perfeitamente faça o backbone. Nós não queremos um mega real de banda larga, nós queremos o padrão, eu não vou dizer qual é o padrão”. Por que não? e essa história de backroll e backbone?

Dilma também foi capaz de fazer, em pleno exercício da Presidência da República, a seguinte oração: “Primeiro eu gostaria que tenho um grande respeito pelo E.T. de Varginha. Este respeito pelo E.T de Varginha está garantido”. A presidente estava em Varginha, em Minas Gerais, para visitar, acredite-se ou não, um “museu do E.T., no qual o governo federal aplicou cerca de 1 milhão de reais (Iniciado em 2007 o museu nunca ficou pronto, e jamais foi visitado por ninguém. Está abandonado desde 2010). Outro grande momento foi no Ceará agora em março. “Os bodes, eu não me lembro qual é o seu nome, mas teve um prefeito que me disse assim: ‘Eu sou o prefeito da região produtora da terra do bode’. Então nos vamos fazer um plano safra que atenda os bodes que são importantíssimos”. É bala pra todo lado.

“Pobre Dilma Rousseff”, escreveu a seu respeito o Financial Times. Parecia uma Angela Merkel, com eficiência alemã. Acabou com um desempenho dos irmãos Marx.

GUZZO. J. R. Bala pra todo lado. Revista VEJA. Edição 2374 – ano 47 – nº 21. 21 de maio de 2014. São Paulo – SP.

NOSSOS DESTAQUES:

Ela dá na chave, dá de novo, insiste, mas o motor não pega.
: “quando você chega num banco, ele te pergunta, qual a garantia que você me dá? Eu vou pagar a vocês, para me aceitar emprestar um dinheiro pra você me pagar”.
Não é tão pouco uma frase “fora do contexto” é fora da compreensão humana.
As cordas vocais não estão obedecendo às ordens enviadas pelo cérebro – ou o cérebro está enviando ordens desconexas para aas cordas vocais.

Comentários dos leitores da revista a respeito da matéria na edição seguinte:

Há alguns meses, quando vi a presidente Dilma discursar de improviso em vídeos do YouTube, estarrecido com a tempestade mental desconexa, logo pensei em sugerir ao meu cronista preferido, J. R. Guzzo, que comentasse tal epopeia. E não é que minha perplexidade também o atingiu em cheio (“Bala pra todo lado”, 21 de maio). LUIS SERGIO FRAGOMENI. Passo Fundo, RS.

J. R. Guzzo sempre acerta na mosca. Título brilhante e conteúdo que expressa com muita clareza o que pensamos e sentimos sobre os improvisos da presidente Dilma. Também, depois de tanto emprestar o ouvido às babaquices do “presidentro”, o poste entra em curto. JOSÉ MILTON DE OLIVEIRA. Brasília, DF.

Imagino a dificuldade que teria um tradutor simultâneo para a linguagem d sinais num discursos da presidente Dilma. Somente aquele que participou dos funerais do Mandela seria capaz de fazê-lo com facilidade. ROBERTO BORIS BOGUTCHI. Betim, MG.

Nos últimos tempos sombrios deste nosso Brasil, somente crônicas inteligentes como essa para fazer rir. Através de Guzzo vamos entendendo como é visto e interpretado o Brasil na mente da confusa presidente Dilma. Misericórdia! MYRIAM FERREIRA P. E SILVA. Espírito santo do Pinhal (SP), via Tablet.

Achei torpe a comparação dos discursos de Dilma Rousseff com os textos dos irmãos Marx. Os irmãos Marx não mereciam essa pecha. CORINTO LUIZ RIBEIRO. São Paulo (SP), via Tablet.



Revista VEJA. Seção Cartas. Edição 2375 – ano 48 – nº 22. 28 de maio de 2014. São Paulo – SP.