segunda-feira, 27 de abril de 2020

A FORÇA SIMBÓLICA DE UM ABRAÇO, DE UM BEIJO E DE UM APERTO DE MÃO, NO TEMPO DO CORONAVÍRUS



Círio 2019: Nossa Matriarca, Dona Nadir ladeada por alguns de seus filhos e netos
Sou da geração Paz & Amor. Era interessante quando encontrávamos um amigo cumprimentávamos um ao outro com um sinal de dedos em forma de “V”. Depois da febre do Paz & Amor, veio a Jovem Guarda. E aí bicho? Morou? É papo firme! É uma brasa mora!
Tanto em um quanto em outro tempo, havia uma simbologia maior da amizade: era o abraço e o beijo suave na face. Que coisa mais emocionante. Um simples gesto, mas, que traduzia carinho, afeto, amizade, respeito, consideração, até amor.
Entre um abraço e outro muita amizade se solidificou. Muita história aconteceu e muitos amores iniciaram com o que parecia mera demonstração de amizade: um abraço.
Mera para alguns, porém, para muitos era um gesto que significava a mudança de uma vida:
Vem de lá um abraço dizia alguém, para uma pessoa que se sentia triste, deprimida, sem vontade de viver. 
Aquele que parecia um simples abraço significava o oxigênio que sua vida tanto precisava.
Meus parabéns! Você venceu! Receba um forte abraço como reconhecimento de minha alegria....
Você está triste, amigo? Deixa eu te dar um abraço, que tudo vai mudar....
Soube que você tirou a média mais alta na prova de matemática. Merece um forte abraço!
Que triste, amigo não conseguiu fazer nada na prova? Vem cá! Receba um forte abraço como prova de confiança. Na próxima você vai se sair bem...
Então, houve um tempo em que tudo se resolvia com um abraço. E logo após esse abraço, o beijo na face, na testa, no ombro, era inevitável. Era o selo para um gesto tão humano que simbolizava a amizade!
Mas o impressionante mesmo, diante da expressão de um sentimento nobre, cheio de pureza, havia quem não gostava. Havia quem achava o abraço, o beijo, gestos abusados. Um gesto desrespeitoso. Triste!
Hoje vivemos o tempo do coronavírus. Vivemos a crise do isolamento social. Vivemos o estado de quarentena. Não se pode abraçar, não se pode beijar, não se pode sequer olhar de muito perto. 
Os “homens” até limitaram o espaço mínimo entre um ser e outro: um metro e meio. E assim a vida segue...
Já faz algum tempo que ninguém abraça, ninguém, beija, ninguém chega muito perto um do outro. Parece até que o mundo de repente ficou vazio!
O silencio tomou conta dos espaços. Não se ouve o barulho das conversas, não se ouve o burburinho das mesas, não se houve o aplauso para os artistas, não se ouve o grito das torcidas nos campos de futebol. O mundo ficou em silêncio!
Para quebrar esse silencio, apenas o barulho da agonia do ser humano por se descobrir sem um hospital com UTI, sem um respirador, sem uma vacina para essa pandemia que ameaça a tranquilidade do mundo, sem um posto de saúde com um atendimento básico mínimo. O que vai ser da humanidade?
O mundo inteiro está sentindo falta de um abraço, de um beijo!
No meio de tudo isso tem gente que nunca deu valor a um abraço, um beijo fraterno. Sempre enxergou esses gestos como algo muito desrespeitoso, invasivo. Essas pessoas devem estar alegres da vida neste momento. Essas pessoas que nunca reconheceram no afeto, no carinho, no amor, a tradução do mais puro sentimento que pode brotar do coração do ser humano. Sim ele nasce do coração!
É doloroso saber que existem pessoas que não valorizam o abraço, o beijo, o aperto de mão; que são capazes de vender sua alegria por qualquer dinheiro. Judas vendeu o amor, a esperança, a amizade, a fraternidade, o respeito, por apenas trinta moedas.
No mundo de hoje elas existem. E são capazes de vender tudo isso por esses mesmos 30 dinheiros. Pessoas que não valorizam a força da amizade, do companheirismo, do amor, do abraço, do beijo, da felicidade...
O que será dessas pessoas quando amanhã o mundo despertar dessa crise e virem as pessoas correrem ávidas procurando seu semelhante em busca de um abraço, de um beijo, quem sabe até de um simples aperto de mão?
Sim, amanhã vai ser outro dia......
Neste momento de isolamento social, de quarentena, estamos só eu e minha mãe, uma senhorinha com seus noventa e oito de idade. Ainda a pouco ela assistia a Missa pela TV Aparecida e chorava copiosamente. Eu cheguei bem perto dela e perguntei:
- Mãe, por que esse choro?
- E ela em meio a copioso pranto me respondeu: "Estou sentindo falta das pessoas!!!"
Só não desabei porque deveria ser o esteio da vida em nossa casa, naquele momento. Somos nove irmãos. Alguns morando aqui mesmo em Belém. Outros em outras cidades, outros Estados. Mas, todos em seus isolamentos domésticos. Evitam o máximo aproximarem-se um do outro.
Conversei, rezei com ela, fizemos a nossa Consagração a Nossa Senhora Aparecida e ela por fim se acalmou. Finalmente adormeceu!
A abraço, o beijo, o aperto de mão, podem ser a tradução do mais belo gesto de fraternidade bem perto, ao alcance do ser humano!
Chega aqui bem perto!
Deixa eu apertar tua mão?
Deixa eu te dar um abraço?
Deixa eu te dar um beijo?

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