Existem pessoas que gostam de olhar Belém vendo fotográfias.
Eu também gosto muito de fotografar. Nunca tive nenhuma Rolleiflex. Mas as
melhores imagens que guardo de Belém estão e minha memória. Principalmente aquelas
dos meus tempos de menino. Eu gosto de rever Belém.
Hoje pela manhã, acompanhado de dona Selma fomos fazer
compras na Rua João Alfredo. É impressionante. Depois de shoppings (Pátio
Belém, Boulevard, Castanheira e outros), a gente pode até pensar que ninguém mais
perde seu tempo comprando no comercio da João Alfredo. Como nos enganamos. A
Rua João Alfredo está vivinha da silva. Perece até que existe um projeto para
transformá-la em rua vinte e quatro horas, e quem comanda esse projeto é um ex
patrão, o senhor Carlos Antonio Xerfan. Como ferve aquele centro comercial. Lá encontramos de tudo. Produtos de boa qualidade, similares aos encontrados em alguns templos do comercio, nos shoppings, chegamos a pagar até um terço do preço.
Ali a Selma comentava comigo que tinha muita vontade de
conhecer melhor aquele pedaço de Belém. Ela tem uma filha, que é minha enteada,
que também gostaria de andar por aquelas bandas.
Aí e veio a lembrança. Quando chegamos a Belém, vindos de
nossa maravilhosa vila de Santo Antonio, município de São Sebastião da Boa
Vista, lá na Ilha do Marajó, indo morar lá no bairro do Jurunas, hoje celebrizado
pela nossa Gaby Amarantos, era muito
comum ouvir a expressão: Tu vai lá pra baixo? A pessoa nos perguntava se íamos
para o comercio, para a Rua João Alfredo ou para o Ver-o-Peso. Aos sábados era
bonito ver a garotada desfilando com suas melhores roupas. Íamos ver as minas,
ou como dizíamos nós lá da Vila Rio, no Arsenal da Marinha: Íamos ver as “banhas”.
Mas voltando aos meus tempos de menino. Levei muita
cinturada por fugir de casa e sumir por
algumas horas. Quando não era cintura era puxão de orelha. Pela manhã ia lá
pras bandas do Forte do Presépio. Ficava esperando as caravanas s de turistas que
visitavam Belém. E saia acompanhando o grupo. Menino, ninguém prestava muita
atenção. Mas o menino prestava atenção em tudo.
No Forte do Presépio, ou Forte do Castelo, ou Complexo Feliz Lusitânia,
ficava encantado com as narrativas dos guias. Olhando aqueles imensos canhões,
a li mesmo eu imaginava a chegada de Pedro Teixeira; sonhava com a Cabanagem.
Parece que eu conseguia ver as cenas dantescas do Brigue Palhaço.
E de lá saiamos para a Praça da República, onde ainda podemos
ver reminiscências do primeiro cemitério de Belém; da Forca; na orla admirava o
paiol, que foi destruído por um raio.
E continuando nossa viagem íamos até o Museu Emílio Goeldi. Lá
havia um local onde eu não gostava de ir. Ficava com medo daquelas figuras de
índios e animais empalhados. Até hoje quando entro naquele local, sinto uma
estranha sensação. Não é ais medo, disso tenho certeza, mas não e sinto à
vontade naquele ambiente. Gostava muito de ver o aquário. Acho que pelo fato de
ter nascido e passado parte de minha infância na beira do rio, os peixes me
encantavam.
Quando chegávamos ao bosque Rodrigues Alves, o nosso Jardim Botânico,
ali mesmo que encanto me envolvia. Mas, mesmo assim, achava turista tão tolo. O
passeio era fantástico. Era não. É! No bosque tem um castelinho que os guias
diziam para os turistas: - Subindo até o terceiro faz um pedido a Santo Antonio
que logo arranja namorado/casamento. As moças e os rapazes faziam fila para
chegar até o terceiro degrau. Pessoas de idade também queriam fazer a prova.
Ia esquecendo de um lugar fantástico que havia aqui e Belém.
O Paraíso das Tartarugas. Que lugar maravilhoso!
As ruínas do Murucututu ainda impressionam. Não têm mais aquele
encanto já que nossa juventude hoje só se encanta com os nintendos, os games
irados, os celulares de última geração. O olhar da juventude não é orientado
para a contemplação nem para a preservação de nossa memória.
Às vezes as pessoas me perguntam: - E como fazias para
acompanhá-los? Às vezes ia correndo de um lugar para outro. Sabia onde ficavam.
Outras vezes e por incontáveis vezes, consegui me infiltrar no grupo e seguia
com a caravana. Na minha meninice fiz passeios maravilhosos.
Assim consegui conhecer uma Belém que pouca gente conhece.
E quando já maiorzinho meus passeios era para as cidades
vizinhas a Belém. Conheço hoje grande parte de nosso Estado vivendo esse tipo
de diversão.
Quando eu e Selma retornávamos para casa ficou certo que um de nossos próximos passeios será para conhecer melhor lá em baixo.
PS: Mas vejam só o que me aconteceu em um dos últimos passeios pelo centro de Belém. Entrando em uma banca que vende discos antigos, encontrei um que considero uma relíquia. Um disco do Alberto Mota e seu Conjunto: É pra dançar ... ou mais. UM verdeiro presente. GUardo agora com todo carinho e comecei, inclusive a mandar algumas de suas faixas para alguns amigos.
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