terça-feira, 15 de abril de 2014

GRAN CIRCUS BRAZIL



Terminou neste momento mais uma apresentação do Gran Circus Brazil. Um grande elenco: Mágicos, Ilusionistas, Malabaristas, Trapezistas, Mulher Barbada, tem deputados e tem senadores. E tem uma presidente que é uma grande tapeadora.

E tem um grande número de emancipalistas batendo palmas para esse brilhante elenco, que brinda a plateia com mais um número sensacional: O PL de autoria do senador Mozarildo Cavalcante. Palmas para eles que a cortina vai descer...

Foi patética a sessão do Congresso Nacional neste inicio de noite do dia 15/04. Me senti tapeado. E por falar em tapeação é bom transcrever aqui o artigo de autoria de Rodrigo Constantino, publicado na revista VEJA, edição nº 2369. Vale a pena conferir para não se sentir tapeado.

Vamos tapear o eleitor?

O presidente da Infraero, em entrevista recente, disse que a estatal poderia “tapear obras” nos aeroportos, que estão bem atrasadas. Após grande repercussão, Gustavo do Vale se justificou, alegando que quis dizer “etapear”, um neologismo que significa dividir em etapas as obras. Se foi ato falho ou não, o que importa é que o termo usado define com precisão a realidade. A marca do atual governo tem sido justamente a substituição do foco nos resultados pela obsessão com as urnas. Enfim, uma administração em que o marqueteiro tem poderes de primeiro-ministro. Há precedentes perigosos na história de governos com tanto poder concentrado no homem da propaganda oficial. Tudo no governo atual visa as aparências, e apenas isso. A inflação, por exemplo. O IPCA de março, divulgado nesta semana, foi o mais alto do mês em onze anos. Em doze meses já acumula uma alta de 6,15%, muito perto do teto da banda oficial. Ainda assim, é um número tapeado, pois boa parte dos preços administrados pelo governo se encontra congelada, medida insustentável cujo custo ficará para depois das eleições. Haja tapeação.

Tome-se o caso da energia. O governo Dilma fez um escarcéu em redes de televisão e rádio para comunicar a queda nas tarifas de luz, mas era uma medida demagógica e insustentável. Com menos investimentos, corremos o risco de apagão e racionamento, mesmo com baixo crescimento econômico. A conta será inevitavelmente paga pelo consumidor, mas o governo tenta ganhar tempo para tapear o eleitor.

Com a gasolina é a mesma história. Preços represados para não impactar ainda mais a inflação. Mas, além de isso estimular o uso excessivo de carros, representando um subsídio que os pobres pagam aos ricos, afetou drasticamente a geração de caixa da Petrobrás. A estatal já não está em sua melhor fase de gestão, com decisões tomadas por critérios políticos que produziram prejuízos bilionários. E o governo tanto fez que conseguiu impedir até agora uma CPI que investigue a empresa. O eleitor foi tapeado mais uma vez.

As tarifas de ônibus ficaram congeladas, especialmente após as manifestações que tomaram as ruas do país. Mas alguém acha que elas podem ficar inalteradas eternamente, com esse patamar de inflação? Claro que não. Porém as eleições estão logo ali, então vale mais uma tapeada.

As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que chegou a ser a maior vitrine eleitoral de Dilma, não só estão atrasadas, como vários investimentos corriqueiros foram jogados para dentro do programa para inflar suas cifras. A “mãe do PAC” já anunciou a terceira etapa do programa enquanto nem terminou a primeira.

O programa Mais Médicos foi anunciado com muita fanfarra. Um pais com 200 milhões de habitantes não tinha como conseguir 10.000 médicos e enfermeiros, e por isso teve de importar de uma minúscula e falida ilha caribenha esses profissionais, na condição de escravos. Ninguém vai sentir efetivamente melhora na saúde pública com isso, mas o impacto eleitoral do slogan é grande. Fomos tapeados.

As contas públicas pioraram substancialmente nos últimos anos, pois o governo só faz aumentar seus gastos e seu endividamento. O que fazer então? Cortar gastos da muito trabalho e pode ser impopular. É muito melhor esconder os números com truques rudimentares. Entra o BNDES em campo, a Petrobras “ex-porta” plataformas que continuam em nossos mares. Tudo para tapear os eleitores.

Com o aumento da percepção do risco do atual governo pelos investidores, a taxa de cambio acaba pressionada, pois muitos retiram capital do país. Mas, se o dólar subir muito, isso terá impacto na inflação, que já está muito alta. O cobertor é curto. O que fazer? Vender quase 100 bilhões de dólares em swaps cambiais para segurar artificialmente o preço da moeda estrangeira, ora bolas. Não aparece como redução das reservas cambiais e da uma boa tapeada nos eleitores.

A presidente seria intransigente com os “malfeitos”. A cada nova denuncia, descoberta e trazida à tona pela imprensa independente, um ministro ou subalterno pedia demissão. Era a “tolerância zero”. Só que não foi bem assim. Vários voltaram pouco tempo depois para o governo. Dilma, a “faxineira ética” apenas uma construção de marketing para tapear os eleitores.

O governo não se importa com o impacto de suas tapeações. Tudo o que importa é vencer as eleições, continuar no poder.




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