Terminou neste momento mais uma apresentação do Gran
Circus Brazil. Um grande elenco: Mágicos, Ilusionistas, Malabaristas,
Trapezistas, Mulher Barbada, tem deputados e tem senadores. E tem uma
presidente que é uma grande tapeadora.
E tem um grande número de emancipalistas batendo palmas
para esse brilhante elenco, que brinda a plateia com mais um número
sensacional: O PL de autoria do senador Mozarildo Cavalcante. Palmas para eles
que a cortina vai descer...
Foi patética a sessão do Congresso Nacional neste inicio
de noite do dia 15/04. Me senti tapeado. E por falar em tapeação é bom
transcrever aqui o artigo de autoria de Rodrigo Constantino, publicado na
revista VEJA, edição nº 2369. Vale a pena conferir para não se sentir tapeado.
Vamos tapear o eleitor?
O presidente da Infraero, em entrevista recente, disse
que a estatal poderia “tapear obras” nos aeroportos, que estão bem atrasadas. Após
grande repercussão, Gustavo do Vale se justificou, alegando que quis dizer “etapear”,
um neologismo que significa dividir em etapas as obras. Se foi ato falho ou
não, o que importa é que o termo usado define com precisão a realidade. A marca
do atual governo tem sido justamente a substituição do foco nos resultados pela
obsessão com as urnas. Enfim, uma administração em que o marqueteiro tem
poderes de primeiro-ministro. Há precedentes perigosos na história de governos
com tanto poder concentrado no homem da propaganda oficial. Tudo no governo
atual visa as aparências, e apenas isso. A inflação, por exemplo. O IPCA de
março, divulgado nesta semana, foi o mais alto do mês em onze anos. Em doze
meses já acumula uma alta de 6,15%, muito perto do teto da banda oficial. Ainda
assim, é um número tapeado, pois boa
parte dos preços administrados pelo governo se encontra congelada, medida
insustentável cujo custo ficará para depois das eleições. Haja tapeação.
Tome-se o caso da energia. O governo Dilma fez um escarcéu
em redes de televisão e rádio para comunicar a queda nas tarifas de luz, mas
era uma medida demagógica e insustentável. Com menos investimentos, corremos o
risco de apagão e racionamento, mesmo com baixo crescimento econômico. A conta
será inevitavelmente paga pelo consumidor, mas o governo tenta ganhar tempo
para tapear o eleitor.
Com a gasolina é a mesma história. Preços represados para
não impactar ainda mais a inflação. Mas, além de isso estimular o uso excessivo
de carros, representando um subsídio que os pobres pagam aos ricos, afetou
drasticamente a geração de caixa da Petrobrás. A estatal já não está em sua
melhor fase de gestão, com decisões tomadas por critérios políticos que
produziram prejuízos bilionários. E o governo tanto fez que conseguiu impedir
até agora uma CPI que investigue a empresa. O eleitor foi tapeado mais uma vez.
As tarifas de ônibus ficaram congeladas, especialmente
após as manifestações que tomaram as ruas do país. Mas alguém acha que elas
podem ficar inalteradas eternamente, com esse patamar de inflação? Claro que
não. Porém as eleições estão logo ali, então vale mais uma tapeada.
As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
que chegou a ser a maior vitrine eleitoral de Dilma, não só estão atrasadas,
como vários investimentos corriqueiros foram jogados para dentro do programa
para inflar suas cifras. A “mãe do PAC” já anunciou a terceira etapa do
programa enquanto nem terminou a primeira.
O programa Mais Médicos foi anunciado com muita fanfarra.
Um pais com 200 milhões de habitantes não tinha como conseguir 10.000 médicos e
enfermeiros, e por isso teve de importar de uma minúscula e falida ilha
caribenha esses profissionais, na condição de escravos. Ninguém vai sentir efetivamente
melhora na saúde pública com isso, mas o impacto eleitoral do slogan é grande.
Fomos tapeados.
As contas públicas pioraram substancialmente nos últimos anos,
pois o governo só faz aumentar seus gastos e seu endividamento. O que fazer
então? Cortar gastos da muito trabalho e pode ser impopular. É muito melhor
esconder os números com truques rudimentares. Entra o BNDES em campo, a
Petrobras “ex-porta” plataformas que continuam em nossos mares. Tudo para tapear os eleitores.
Com o aumento da percepção do risco do atual governo
pelos investidores, a taxa de cambio acaba pressionada, pois muitos retiram
capital do país. Mas, se o dólar subir muito, isso terá impacto na inflação,
que já está muito alta. O cobertor é curto. O que fazer? Vender quase 100
bilhões de dólares em swaps cambiais para segurar artificialmente o preço da
moeda estrangeira, ora bolas. Não aparece como redução das reservas cambiais e
da uma boa tapeada nos eleitores.
A presidente seria intransigente com os “malfeitos”. A cada
nova denuncia, descoberta e trazida à tona pela imprensa independente, um
ministro ou subalterno pedia demissão. Era a “tolerância zero”. Só que não foi
bem assim. Vários voltaram pouco tempo depois para o governo. Dilma, a “faxineira
ética” apenas uma construção de marketing para tapear os eleitores.
O governo não se importa com o impacto de suas tapeações.
Tudo o que importa é vencer as eleições, continuar no poder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário