Winston Churchill, medularmente politico ajudava a ironizar. Um jornalista perguntou-lhe, certa feita, quais eram as qualificações necessárias a m jovem que desejasse ingressar na vida política. Ele responde. “É a qualidade de prever o que vai acontecer amanhã, na próxima semana, nos próximos meses e anos”. Fez uma pausa marcada pelo olhar maroto e concluiu: “É ter habilidade de explicar depois porque nada disso aconteceu” ... Em suma: uma qualidade de esperteza cínica
As pessoas em geral, já descrentes dos políticos, tornaram-se por vezes severas, injustas e identificáveis com os que Rui Barbosa chamava de “magarefes da honra alheia” . Ou por serem cruéis por natureza, ou porque jamais compreenderam que, como dizia Bismarck, “a política é a arte do possível e do indicado”.
Fazendo autocrítica, reconheço que fornecemos, não raro, motivo para as censuras, quando enveredamos pelo movediço terreno do possível ainda que não o indicado. Sobretudo em questão de ética. O esquecimento de uma ofensa, quando o ofensor toma a iniciativa de procurar o ofendido de ontem, o que implica em um pedido de desculpa, o que implica uma desculpa, nem sempre é compreendido. Uns são comedidos na crítica.
Outros tomados de uma indignação maior do que a que podem conter, enveredam pelo insulto soez. A aliança dos contrários é particularmente vulnerável quando o esquecimento de uma ofensa é uma ofensa contra a honra. Não há como escapar da incompreensão ou ficar imune a peçonha de supostos amigos, muitas vezes movidos por sentimentos por seu turno nada nobres, ainda que pose de Catão, o antigo.
Desgraçadamente a vida do político pode leva-lo a conduzir-se de modo a aparentar falta de coerência, porque por sua vez se deixa dominar também por sentimentos menores, como que se traduz na perversa expressão: “O inimigo de meu inimigo, meu amigo é”. Por essas armadilhas que nossos destinos enfrentam com certa frequência, é que estou cada vez mais inclinado a recolher a vela de meu pobre barco singrando as águas ardilosas da política.
PASSARINHO, JARBAS. Ser político. Jornal O LIBERAL. Caderno Atualidades. Pag. 2. 07.09.1997. Belém – Pará.
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