Quase todos os dias lemos nos
jornais de Belém declarações atribuídas ao prefeito eleito de nossa capital, Zenaldo
Coutinho (PSDB). As mais freqüentes são as de que ele assegura não ter nenhum
compromisso partidário com as legendas que com ele coligaram com seu partido nas
eleições 2012.
Isso tudo seria perfeito se fosse
verdade. Mas no cenário político nacional, onde proliferam legendas minúsculas,
isso jamais será possível. Os pequenos partidos emprestam suas siglas para
compor uma coligação visando assegurar uma ampla maioria, um maior número de
partidos, dificultando o caminho para aqueles grupos que pretendem enfrentar
eleições com chapas puras, ou coligações menores. E isso sempre tem um preço.
Em Viseu, nas últimas eleições,
podemos notar muito bem como isso acontece. A coligação majoritária, encabeçada
pelo Partido de República, reuniu doze agremiações: PP / PDT / PT / PTB / PSL /
PSC / PR / PPS / PRTB / PV / PSDB / PSD. Com o PR formaram treze partidos, um
número que costuma evidenciar maus presságios. Mas na festa da convenção parece
que só haviam dois partidos compondo a coligação: PR e PDT. Foram os únicos
partidos que mostraram suas faces, ou melhor, suas bandeiras. As outras agremiações,
todas, vestiram a camisa do Partido da República. Quem chegasse ao local da
convenção e não soubesse de nada pensaria que somente as duas agremiações
compunham a coligação.
Embora apoiando integralmente a candidatura
majoritária, só meio PDT mostrou sua face. A outra face vestiu a camisa do PR.
Concorreram as eleições em Viseu mais
duas candidaturas, o PMDB, que coligou com dois partidos: PMN / PSB. E o PSOL
que concorreu com chapa pura.
O mais impressionante, e que os
partidos que coligaram com o PR, na proporcional formaram três coligações: a
Primeira, denominada Juntos para construir
o desenvolvimento, formada pelo PP / PDT / PT; a segunda, com o título Construindo a paz e a cidadania, constituida
por PSL / PR / PSDB; e a terceira, denominada Viseu no rumo certo, composta por PSC / PPS / PV, ou seja, dos
treze partidos que fizeram parte da coligação, quatro agremiações não
apresentaram nenhum candidato às eleições proporcionais: PTB, PRTB, PV e PSD. Partidos
em sua maioria tidos como de primeira linha. Isso é um contra senso.
O partido político ao qual somos
filiados, o PDT, “tem como seu principal objetivo lutar, sob a inspiração do
nacionalismo e do trabalhismo, pelo soberania e pelo desenvolvimento do Brasil,
pela dignificação do povo brasileiro e pelos direitos e conquistas do trabalho
e do conhecimento, fonte de todos os bens e riquezas, visando a construção de
uma sociedade democrática e socialista”. Jamais iríamos concordar em nos
esconder em nome de um projeto. Somos uns partido político e devemos, com muita
dignidade, cumprir nosso papel.
Qual o papel que essas agremiações
representam no cenário político Viseuense? Creio que a razão da existência de
uma agremiação política é participar do processo de escolha de seus governantes,
do dia a dia da sociedade. Um partido que não assume sua posição não possui a
capacidade de participar do processo político administrativo de uma comunidade.
Deve ser extinto pois, em nada contribui para o avanço social.
Voltando ao assunto inicial sabemos
que quando se desenha uma candidatura o fazemos com a colaboração de todos os
partidos que integram a coligação. Findo o processo eleitoral, alcançado o
objetivo, as agremiações políticas devem novamente sentar e organizar o
governo, definindo-se qual o papel de cada partido envolvido no processo. Não
foi isso que aconteceu quando se desenhava a candidatura?
Era para ser assim. Mas, o que
acontece é que, quando o processo eleitoral finaliza, em tese, com a publicação
do resultado o eleito para chefia do executivo, como se diz no popular, “toma um chá de sumiço” e só volta no
dia da posse. Em alguns casos o eleito, ou reeleito, some no dia da eleição.
Enquanto isso seus aliados, devido a postura as vezes submissa, silenciam. O que
deveria acontecer é exatamente o contrário. Por menor que seja a contribuição o
ator do processo eleitoral, ele merece ser tratado com o devido respeito. Se
não somos respeitados, como vamos respeitar.
Enquanto isso o município fica
abandonado, na mão de assessores e executivos, a quem não é assegurada nenhuma
autoridade (ou autonomia), ficando o município completamente desgovernado.
Remédio para isso existe. É só buscar a receita.
O que se vê
com muita freqüência em muitos de nossos municípios é problemas se avolumando,
servidores temporários sendo exonerados sob a falsa informação de que está se
cumprindo com determinação ministerial (e por que não se cumpre a lei não os
contratando?), compromissos dos mais variados sendo descumpridos aos montes,
tornando os municípios quase que inadministráveis.
O TCM amiúde
vem informando que não existe nenhuma razão para que isso ocorra, pois os
repasses de recursos constitucionais cumprem os cronogramas estabelecidos. Se
houve um aumento exagerado nas despesas (principalmente com a contratação de
servidores temporários), os gestores precisam ser responsabilizados por isso.
Em nosso
município problemas se avolumam. Se os repasses estão em dia, então, como se
explica o que está acontecendo com o município de Viseu?
A administração
viseuense tem sido exemplar nos últimos anos, nos levando a pensar que estávamos
em franco processo de mudança. Mas os últimos tempos nos levam a intuir o
contrário.
Com a
palavra o amigo Cristiano Vale. Quem encontrar com ele busque saber a resposta.