quinta-feira, 7 de junho de 2012

VISEU: O que esperamos de nossos candidatos


Fala-se muito na ascensão das classes menos favorecidas, formando uma nova “classe média”, realizada por degraus que levam a outro patamar social e econômico (cultural não ouço falar). Em teoria seria um grande passo para reduzir a catastrófica desigualdade que aqui reina. Porém receio que, do modo como está se realizando, seja uma ilusão que pode acabar em sérios problemas para quem mereceria coisa melhor. Todos desejam uma vida digna para os despossuídos, boa escolaridade para os iletrados, serviços públicos ótimos para a população inteira, isto é, saúde, educação, transporte, energia elétrica, segurança, saneamento (água e esgoto), agricultura com assistência técnica, e tudo o mais que precisam cidadãos decentes.

Mas pouco se fala na construção de uma vida mais segura. Pois tudo é uma construção: vida pessoal, a profissão, os ganhos, as relações de amor e amizade, a família, a velhice (naturalmente tudo isso sujeito a fatalidades como doenças e outras que ninguém controla). Mas, mesmo em tempos da fatalidade, ter um pouco de economia, ter uma casinha, ter um diploma, ter objetivos certamente ajuda a enfrentar seja o que for. Podemos ser derrotados, mas não estaremos jogados na cova dos leões do destino, totalmente desarmados. Mas corremos atrás de tanta conversa vã, não protegidos, mas embaixo de peneiras com grandes furos, que só um cego ou um grande tolo não vê.

A mais forte raiz de tantos dos nossos males é a falta de informação e orientação, isto é, de educação. E o melhor remédio é investir fortemente e abundantemente, decididamente, em educação: impossível repetir isso em demasia. Não tenho ilusão de que algo mude, mas deixo aqui meu solitário (e antiquado) apelo.

Então ao pensarmos o que queremos para o nosso futuro é importante avaliar quem está se apresentando para defender nossos interesses. São merecedores de nossa confiança?

Texto baseado em:
LUFT, Lya. Degraus de ilusão. Revista VEJA, edição 2272. ano 45. nº 23. São Paulo. 6 de junho de 2012. 

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