Fala-se
muito na ascensão das classes menos favorecidas, formando uma nova “classe
média”, realizada por degraus que levam a outro patamar social e econômico (cultural
não ouço falar). Em teoria seria um grande passo para reduzir a catastrófica
desigualdade que aqui reina. Porém receio que, do modo como está se realizando,
seja uma ilusão que pode acabar em sérios problemas para quem mereceria coisa
melhor. Todos desejam uma vida digna para os despossuídos, boa escolaridade para
os iletrados, serviços públicos ótimos para a população inteira, isto é, saúde,
educação, transporte, energia elétrica, segurança, saneamento (água e esgoto), agricultura
com assistência técnica, e tudo o mais que precisam cidadãos decentes.
Mas pouco se
fala na construção de uma vida mais segura. Pois tudo é uma construção: vida
pessoal, a profissão, os ganhos, as relações de amor e amizade, a família, a velhice
(naturalmente tudo isso sujeito a fatalidades como doenças e outras que ninguém
controla). Mas, mesmo em tempos da fatalidade, ter um pouco de economia, ter
uma casinha, ter um diploma, ter objetivos certamente ajuda a enfrentar seja o
que for. Podemos ser derrotados, mas não estaremos jogados na cova dos leões do
destino, totalmente desarmados. Mas corremos atrás de tanta conversa vã, não
protegidos, mas embaixo de peneiras com grandes furos, que só um cego ou um
grande tolo não vê.
A mais forte
raiz de tantos dos nossos males é a falta de informação e orientação, isto é,
de educação. E o melhor remédio é investir fortemente e abundantemente,
decididamente, em educação: impossível repetir isso em demasia. Não tenho
ilusão de que algo mude, mas deixo aqui meu solitário (e antiquado) apelo.
Então ao
pensarmos o que queremos para o nosso futuro é importante avaliar quem está se
apresentando para defender nossos interesses. São merecedores de nossa
confiança?
Texto baseado em:
LUFT, Lya. Degraus de ilusão. Revista VEJA, edição 2272. ano 45. nº 23. São Paulo. 6 de junho de 2012.
LUFT, Lya. Degraus de ilusão. Revista VEJA, edição 2272. ano 45. nº 23. São Paulo. 6 de junho de 2012.
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