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II Feira Literária do Pará - FliPA Uma reunião de escritores paraenses mostrando um pouco de sua arte |
Livros e reencontro
Aplaudo, em conseqüência, a Feira do Livro do
Pará, que este ano fez Adalcinda Camarão a homenageada.
O senso comum tem afirmado que onde os livros
são abundantes, menor é a necessidade de construir presídios. Ainda que tal
afirmativa mereça restrições, é inegável a boa intenção que a provoca.
As crises, a atual e tantas quantas lhe tenham
antecedido, além das que ainda serão criadas, raramente saíram (ou sairão) da
cabeça dos que leram livros. Nem por isso consideramos a obra – impressa ou eletrônica
– artigo dispensável. Assim, o uso que se faz do aprendido nos livros deve ser
posto em questão.
Validada a afirmativa inicial, fácil se torna
relacionar livros à liberdade. Se penitenciarias resultam em grande medida da ignorância,
não é menor a probabilidade de que a construção de escolas seja indesejável para
os que se aproveitam do baixo nível da educação. Daí decorrem as permanentes tentativas de
evitar que maior numero de pessoas tenha acesso à leitura.
É salutar, portanto, toda iniciativa de
aproximar os livros dos que desejam ler. Em si mesmo meritória, qualquer
decisão que atraia leitores habituais ou apenas potenciai deve ser destacada. Mas,
ainda, quando homenageia autor ou autores cuja contribuição ao conhecimento de
sua província pode ser importante passo para o conhecimento do universo. Temerária
é a tentativa de saber do universal quando o local é negligenciado. Leon
Tolstoi sabia disso. E o disse.
Imagine-se inédita a obra do escritor russo.
Ter-se-ia perdido a oportunidade de refletir sobre a frase, que se tornou
clássica e insistentemente referida, pela síntese perfeita da condição humana e
da inserção do homem na sociedade. Seja o universo, seja o círculo de vizinhos
mais próximos.
Aplaudo em conseqüência, a Feira do Livro do
Pará, que este ano fez de Adalcinda Camarão a homenageada. Talvez nela
encontremos belo exemplo da confluência do local e do universal. Bastaria mencionar
que, transferida para os Estados Unidos da América do Norte, permaneceu
marajoara (nascida em Muaná), ao mesmo tempo que cosmopolita.
A reunião de expressivos e respeitados
escritores do Pará, dias 17 e 17 próximos, mais que um evento de caráter
comercial, traz consigo a marca do interesse pela cultura e do culto à
liberdade. A Fox Vídeo, cujo simpático e acolhedor espaço tem alimentado o amor
aos livros, marca esta época de neoliberalismo voraz, como o anuncio de que é possível
vencer obstáculos e oferecer perspectivas e esperança que aos poucos se vão diluindo,
ao tilintar das moedas.
A compreensão do que há de universal, para
além do sistema econômico que escraviza e pune, certamente será dada pela
maioria dos participantes da FliPA. A mim, como a alguns outros, caberá tratar
do que de mais próximo experimentamos. É assim que posso apresentar meu As casas
que moram em mim, livro elaborado ao sabor das experiências vividas nos
diversos lugares em que escrevi algum pedaço de minha história. Nem o nome de
meus convivas foi esquecido – para o bem e para o mal. Aos que eu tiver a
felicidade de reencontrar, desde logo apresento votos de boas vindas.
Artigo publicado no jornal O LIBERAL, edição
de 13/10/2015 – Caderno Atualidades, seção Opinião, página 2.
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Margarida Schivazappa A Primeira Dama do Teatro Paraense | Livro biográfico que foi lançado na I LliPA - Feira da Literatura do Pará
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IMAGENS DA I Feira Literária do Pará - FliPA
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