Por que esperar o amanhã?
Como as administrações municipais
estão tratando sua região? Estão abandonados? Se estendermos esse mesmo
pensamento para as demais regiões do município, excetuando o atendimento de
questão minimamente elementares (pagamento de salário em dia não é excepcionalidade, para isso recebe os
recursos religiosamente em dia), nada acontece de diferente nesse horizonte.
Olhando bem a indignação é oportuna: quais as perspectivas que se apresentam ao
nosso município no curto e médio prazos? Perguntinha complexa essa não? A
reação começa a ganhar corpo.
Pois é, as características do
ciclo que se abre no País sinalizam perspectivas nada animadoras para os atores
individuais, os detentores de mandados e os administradores públicos em geral, que
enfrentarão um eleitor mais crítico, consciente de seus direitos, mas ainda em
fase embrionária de consciência de seus deveres. E a resposta para essa questão
esbarra na lógica de prever os horizontes dos próximos tempos, mesmo que fique
patente o uso de novas atitudes como tinta para colorir a mais embrulhada atuação
(e isso vem com maior intensidade).
Já na esfera dos costumes e das
práticas políticas, as perspectivas contrariam o pessimismo de alguns. São
promissoras. Estacas morais estão sendo cravadas no solo esburacado da política
pelos braços dos movimentos que tomam as ruas das cidades em todos os
quadrantes nacionais. Nosso País vem assistindo o clamor da sociedade, que
brota de todos os cantos. Vai me surpreender agradavelmente se a sociedade for
para as ruas fazer sua parte nesse novo cenário social. Chega de esmolas! Queremos
nossos direitos! Essa é o grito que gostaria de ouvir nas ruas. Há muito venho
pregando essa forma de atitude.
A nova ordem que se esboça passa a
abrigar um alentado acervo de princípios de valores quer mais cedo ou mais
tarde, balizarão as imprescindíveis reformas no edifício político, a começar pelo
alargamento dos tijolos da racionalidade.
Como é sabido, a maioria do
eleitorado habitou por décadas a base da pirâmide social, constituindo em razão
de precárias condições de vida, massa de manobra dos quadros políticos. Seu
processo decisório se ancora na emoção, que transparece em votos de
agradecimento por benesses e favores recebidos, no auxílio esporádico que os
políticos em evidencia pulverizam a torto e a direito, usando migalhas do poder
como forma de cooptação. Essa obsoleta modelagem está com os dias contados.
É evidente que a absorção desses
valores não se dá de maneira imediata, mas é fato que critérios racionais
começam a substituir os emotivos no processo de escolha de representantes e
monitoramento de governantes. Esperamos que esse sentimento se concentre,
principalmente, no espírito de nossa juventude, a grande esperança desse País.
A crítica social, que atinge o
mais alto grau da contemporaneidade, é fruto da consciência crescente sobre o
papel do Estado (aqui entenda-se também município), a missão dos homens
públicos e os direitos da cidadania. Hoje nada parece escapar aos olhos de
grupos e multidões, que não faz muito tempo agiam como massas sem forma, sem
capacidade de agir e interagir com os atores do palco institucional.
Hoje as ruas são ocupadas por
grupos e categorias profissionais contidas em seus limites, defendendo
interesses corporativos, diferenciando-se pela especialização. Bem diferentes
das assas abertas do passado. A racionalidade, por sua vez, implica compromisso
com a verdade, descortinando uma geração de perfis políticos desprovidos de
lantejoulas e brilhos. A autoglorificação, que fundamenta o marketing das
performances pessoais e ocupa praticamente todos os espaços das mídias
eleitorais, deverá ser doravante recebida com apupos por ouvintes de todas as
classes. Em contraponto, ganharão destaques debates no campo das idéias
proporcionando condições de enxergar as diferenças de estilo entre atuais
representantes e futuros competidores.
O plano da semântica suplantara o
terreno da estética, no fluxo das correntes de opinião que despejam torrentes
de informação pela gigantesca rede social. Na onda da efervescência social, cujo
adensamento se localiza origem nos mais diferentes grupos sociais a atestar a
multiplicação de novos pólos de poder e irradiação de influencia. A sociedade
passa a tomar consciência de seus mais legítimos direitos e por isso corre para
as ruas para reivindicá-los. Chega de esmolas, gritam os grupos. Queremos
direitos, não esmolas!
Por isso, os Poderes da República
– Executivo, Legislativo e Judiciário -, terão de conviver com as forças centrípetas,
sendo razoável imaginar quer o movimento das margens em direção ao centro
acabará reforçando o instrumental a serviço da democracia direta: consulta
popular, plebiscito e referendo. Sob essa perspectiva, também é razoável prever
mais agilidade nos processos de adesão a projetos de iniciativa popular, tendo
como correia de transmissão a bateria de meios as redes sociais.
Dito isto, cabe perguntar: como
reagirão nossos governantes e representantes a esse ordenamento? O poder público
está pasmo. Atores contemplam a platéia sem saber se receberão aplausos ou
vaias ao fim da peça. Treinam atitudes recatadas, temem enfrentar auditórios
lotados, eliminam desfiles exuberantes. Afinal começam a tomar consciência de
que a sociedade não quer só pão e circo. Quer direitos!
Os governantes, passada a onda
inicial do movimento da sociedade, tentam voltar aos braços do povo. E produzir
uma agenda positiva, recheadas de ações capazes de reconquistar contingentes
indignados.
O fato é que o dique de contenção
das pressões sociais foi rompido. Que os nossos governantes possam apresentar
perspectivas mais animadoras, pois o que temos visto até aqui não anima a
platéia para aplaudir os atores em ação. O tempo se aproxima de um momento de
decisão. Refletir sobre o que queremos para o nosso futuro é primordial.
Devemos acompanhar o movimento emergente ou vamos continuar de braços cruzados
achando que a esmola que recebemos é suficiente para assegurar o futuro de
nosso município. Se quisermos fazer
parte da história como atores principais ou como coadjuvantes; ou pior
ainda, como meros figurantes.
Por exemplo: recentemente tivemos
eleições municipais; elegemos e/ou reelegemos prefeitos e operamos sensível
mudança nas Câmaras Municipais. Mais uma perguntinha impertinente: Teu prefeito
e teus vereadores: Eles estão te representando? Aqueles a quem você deu seu
voto está te representando? Está. Então parabéns! Ah! Não está? Então vem pra
rua... vamos colocar essa turma pra trabalhar. Façamos como o restante de nosso
País; façamos com que nossos governantes ouçam nossa voz.. ouçam nossa
insatisfação.
Esse é o momento de decisão: Ou vamos
para as ruas reivindicar nossos direitos, discutir nossos problemas, ou
senhores de nossos destinos (prefeitos, vereadores, secretários, etc.) vão continuar a acreditar que tudo está na
mais perfeita ordem. E isso com certeza não está!
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