quarta-feira, 11 de outubro de 2023

LEITURAS QUE VALEM A PENA: Carta de filho tira pai do governo

O que vamos fazer em 2024?

Nesta manhã desta quarta-feira, dia 11.10.2023, revirando meus arquivos a procura de um documento, encontrei essa matéria publicada no Jornal Diário do Pará, em 03.06.2007. Se esse tipo de reação acontecesse com mais frequência, a vida seria um pouco melhor. Eu acredito!

É impressionante como somos tolerantes. Mentiras em cima de mentiras são usadas quando os políticos que querem um mandato fazem para o seu eleitorado. Apesar de sabermos que não passam de mentiras, o eleitor se torna cumplice (não apoiadores, cumplices mesmo) desses maus políticos.

Estamos nos aproximando de mais um período de mentiras (Eleições municipais 2024). Vamos ter mais uma oportunidade para melhor refletir: Vamos continuar a deixar nos enganar ou vamos fazer que nem esse filho?

Reproduzo na íntegra a Carta de Pai para Filho...

 

“Carta de Filho tira Pai do governo

 

Surpreendido por uma carta de seu filho ao jornal O Estado do Paraná, publicada sexta-feira (01/05/2007), um dos principais auxiliares do governador Roberto Requião o secretário especial de Obras, Luiz Caron – pediu demissão. Até aí nada demais. Tem muita gente pedindo demissão pelo país afora. O curioso são os termos da carta de Guilherme Richter Caron. Só alguns trechos: “O dia aqui amanheceu frio, cinza, porém muito mais bonito que os dias que tem feito aí, no Paraná. Estou morando em uma cidade litorânea de Santa Catarina, bem pequenininha. Não sei se chega a 20 mil habitantes. (...) É um lugar onde as pessoas só ambicionam a qualidade de vida, o amor entre as pessoas, amor ao meio ambiente... Completamente diferente daí.

A causa desta reviravolta em minha vida, e consequentemente na de minha família, foi porque depois de ter trabalhado quatro anos dentro de um governo com tantos indícios de corrupção, minha decepção foi tamanha a ponto de mudar até meu estilo de vida, e principalmente meu padrão.

Hoje vivo com muito menos. Meu lazer aqui não custa nada, me sinto feliz e em sintonia com meus filhos e minha esposa. Até isso foi tirado de mim quando estava no meio daquela corja. Enfim valeu como aprendizado. Mas não quero passar por aquilo nunca mais. Conviver com pessoas que gastam todo o seu tempo pensando em como prejudicar alguém, como tirar este ou aquele do caminho para poder fazer alguma pilantragem, conviver com ameaças – sim, ameaças via telefone, cartas e até e-mails.

(...) E meu pai... Infelizmente não saiu do governo quando foi ofendido pelo desvairado. Manteve-se íntegro, mas muito triste por ter engolido aquele sapo sem ao menos a ajuda de um copo d’água. Os motivos daquele ataque de nervos do governador não foram apenas por causa da Cequipel (fornecedora de móveis na reforma do Palácio Iguaçu) ou das divisórias.

Tem muito mais coisa por trás dessa explosão desnecessária. Desnecessária aos olhos de quem assistiu. Mas era necessária para o governador e seu irmão mais novo, porque obrigaria uma pessoa que durante quatro anos atrapalhou muitas tentativas de saque a SEOP (Secretaria de Obras). (...) a pedir demissão. Eles tinham certeza que meu pai sairia. Até eu briguei com meu pai e escrevi aquela carta por não concordar com o fato de meu pai ter engolido calado toda aquela humilhação.

Hoje eu compreendo. Ele deixou o ônus para eles. Eles teriam que demiti-lo e era exatamente isso que a corja não queria. “Para eles, demitir meu pai era muito arriscado”. 

Enfim, verdadeira ou falsa no seu conteúdo, a carta de Guilherme Caron caiu como uma bomba no Paraná.

 

 

(Artigo publicado no jornal Diário do Pará. Belém – Pará. Caderno Brasil Hoje, Coluna Informe JB, página B6, edição de 03/06/2007). 

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