sábado, 4 de junho de 2011

O DNA DA CORRUPÇÃO


FURANDO AS TEIAS MAFIOSAS

O chiste tem algum fundamento. Cabral inaugurou por estas bandas o toma lá da cá. Vejam. Dois dias depois do descobrimento do Brasil, em 24 de abril de 1500, o capitão-mor recebeu os tupinambás em sua caravela. Para causar forte impressão, pôs a vestimenta mais exuberante.
 Desconfiados os índios provaram a água e o vinho que lhes foram oferecidos e cuspiram. Não aprovaram o velho líquido barrento, tirado do alforje, nem a bebida com gosto de vinagre. Só tinham olhos para o brilho das roupas e o imenso chapéu de abas para o céu, que dava ao descobridor a feição de deus das matas e das águas.
O cacique e seus índios desceram da nau, sem arcos e flechas, mansos e felizes por ganharem os primeiros mimos na simbólica troca que plantou a árvore do fisiologismo em terras tupiniquins. Foi assim que os índios cheios de bugigangas, e o cacique com o pitoresco chapéu, abriram as páginas de nossa História de cinco séculos, em que tramóias mesclam coisas do Estado com negócios privados. Há poucas dúvidas que a herança ibérica, carregando à tiracolo o patrimonialismo, tenha salpicado os ciclos históricos com as sementes da corrupção, particularmente na seara das teias criminosas que encobrem maquinações se servidores públicos, mandatários, grupos e indivíduos todos girando na órbita da Estado.

TORQUATO, Gaudêncio. Furando as teias mafiosas. Jornal OLIBERAL. Caderno Atualidades. Seção Opinião. pag. 2, 2.06.2011. Belém Pará.

Gaudêncio Torquato, jornalista, professor titular da USP e consultor polpitico e de comunicação. Twiter : @GardTorquato

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