terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PARÁ VOLTA A SONHAR COM PETROLEO

Na segunda metade da década de 1970, o então ministro de Minas e Energia, Shigeaki Ueki, anunciou, em entrevista à imprensa local e correspondentes em Belém, a descoberta de petróleo na ilha do Marajó. No saguão do aeroporto militar da capital, onde conversou com os jornalistas, o ministro, que já ocupara antes a presidência da Petrobras, chegou a exibir alguns vidros cheios de óleo cru. Era a “prova” de uma descoberta que deveria mudar o panorama econômico do Estado, da região e - por que não? - do país.
Área de atuação da OGX na costa paraense
O assunto, obviamente, ganhou as manchetes em todo o Brasil, criando no Pará um clima de incontida euforia. Mas a alegria, afinal, não teve longa duração. Depois do anúncio, o próprio governo, sob regime militar, se encarregou de baixar o tom. O que havia sido descoberto, conforme se encarregou de informar a nova versão oficial, eram simples indícios da existência de petróleo. O assunto esfriou e só algum tempo depois veio a explicação, já em tom tímido e um tanto discreto, de que não havia petróleo para exploração comercial.
Anos depois, um novo rebate falso sacudiu a opinião pública, local e nacional. Coube ao então presidente José Sarney anunciar a descoberta de um “lençol gigante” de petróleo. A descoberta, de novo, teria ocorrido na ilha do Marajó. Como da vez anterior, logo em seguida surgiu a nova versão, negando mais uma vez a descoberta e deixando no ar um clima amargo de frustração. O sonho de riqueza, num Estado e numa região tão pobres, desfazia-se pela segunda vez como simples miragem.
Decorridos pouco mais de trinta anos do primeiro anúncio, o Pará volta agora a conviver com a perspectiva de conhecer, finalmente, a fonte da riqueza abundante representada pelo petróleo. Não que haja, até o momento, algo de concreto que possa alimentar objetivamente essa expectativa. Mas a concentração de atividades exploratórias na costa marítima do Pará e do Maranhão, envolvendo empresas gigantes do setor, induz a crer na possibilidade de que importantes descobertas talvez estejam a caminho. Na costa paraense, em frente aos municípios de Viseu, Bragança e Salinópolis, a Petrobras iniciou na última sexta-feira a perfuração de um primeiro poço, o Harpia.
A empresa tem programado ainda um segundo poço. Para fazer a segunda perfuração, porém, a estatal depende ainda de licenciamento ambiental, a ser concedido pelo Ibama.
Alguns rebocadores, a serviço da Petrobras e que deverão ser deslocados para a costa de Salinópolis, já estão fundeados em frente a Icoaraci. Fontes ligadas ao setor informam que cada plataforma marítima de prospecção de petróleo conta normalmente com o apoio de dois a três rebocadores. A antiga base do Tapanã está sendo utilizada no apoio terrestre. Caso venha a se confirmar a descoberta de petróleo, ela será reativada para dar apoio às futuras operações de produção. “Mas aí já será um longo processo”, admite o especialista.
OGX quer iniciar trabalho neste mês
Seguindo os passos da Petrobras e outras empresas do setor, a OGX Petróleo e Gás, empresa do grupo Eike Batista, se prepara também para iniciar as pesquisas em busca de hidrocarbonetos na costa do Pará e do Maranhão. A OGX vai perfurar alguns poços - fala-se em sete, até o momento - nesta área do litoral norte, com o objetivo de encontrar reservas de petróleo e gás natural. A empresa prevê iniciar ainda este mês os trabalhos de perfuração e estendê-los até maio do ano que vem.
A OGX possui cinco blocos na bacia do Pará-Maranhão, todos eles localizados a mais de 120 km de distância da costa.
Como parte dos procedimentos legais para obtenção da licença ambiental, a empresa participou no domingo, na cidade de Bragança, de uma audiência pública convocada pelo Ibama para apresentação de informações sobre a atividade de prospecção a ser realizada na costa marítima daquele município.
Além da preocupação quanto a eventuais prejuízos para a atividade pesqueira, tradicional na região, a população de Bragança questionou a OGX, principalmente, sobre a escolha de São Luís do Maranhão para a instalação de sua base de apoio.
A empresa, pelo que está disposto até agora, não terá instalações físicas de apoio no Pará e nem pretende contratar profissionais locais para atuar no projeto.
Fonte: Diário do Pará, edição de 11.01.2011.

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