sábado, 22 de janeiro de 2011

SINDROME DA MÃO ALHEIA

Doença rara faz mulher apanhar da própria mão

Karen Byrne sofre há 18 anos da síndrome, após cirurgia para se tratar de epilepsia.

Imagine ser atacado por uma de suas próprias mãos., que tenta repetidamente estapear e socar você. Ou então entrar em uma loja e tentar virar à direita e perceber que uma de suas pernas decide que quer ir para a esquerda, fazendo-o andar em círculos. Essa realidade é bem conhecida da americana Karen Byrne, de 55 anos que sofre de uma condição rara chamada de Síndrome da Mão Alheia.

A síndrome de Byrne é fascinante, não somente por ser tão estranha, mas também por ajudar a explicar algo surpreendente sobre como nossos cérebros funcionam. . o problema começou após ela passar por uma cirurgia, aos 27 anos, para controlar sua epilepsia, que havia dominado sua vida desde seus 10 anos de idade.

A cirurgia para curar epilepsia normalmente envolve identificar e depois cortar um pequeno pedaço do cérebro no qual os sinais elétricos anormais se originam. Quando isso não funciona, ou quando a área danificada não pode ser identificada, os pacientes precisam passar por uma solução mais radical.

ERRO MÉDICO

No caso de Byrne, seu cirurgião cortou seu corpo caloso, um feixe de fibras nervosas que mantém os dois hemisférios em permanente contato. O corte curou a epilepsia de Byrne, mas a deixou com um problema totalmente diferente. Tudo parecia bem, mas que então os médicos começaram a notar um comportamento extremamente estranho.

“O médico me disse: ‘O que você está fazendo? Sua mão está te despindo‘. Até ele dizer isso eu não tinha percebido que minha mão esquerda estava abrindo os botões de minha camisa”, diz. “Então eu comecei a abotoar a camisa novamente com a mão direita, mas assim que eu terminei a mão esquerda começou a desabotoar de novo”.

Karen Byrne havia saído da operação com uma mão esquerda que estava fora do controle. “Eu acendia um cigarro colocava-o no cinzeiro e então minha mão esquerda jogava-o fora. Ela tirava coisas de minha bolsa sem que eu percebesse. Perdi muitas coisas até que eu percebesse o que estava acontecendo”, diz.

Em alguns casos a mão esquerda dela cegava a estapeá-la sem controle. Ela conta que seu rostos chegava a ficar inchada com tantos golpes.

DISPUTA

O PROBLEMA DE Byrne foi provocado por uma luta por poder dentro de sua cabeça. Um cérebro normal é formado por dois hemisférios que se comunicam entre si por meio de um corpo caloso. O hemisfério esquerdo, que controla o baço e a perna direitos, tende a ser onde residem as habilidades lingüísticas. O hemisfério direito, que controla braço e perna esquerdos, é mais responsável pela localização espacial e pelo reconhecimento dos padrões.

Normalmente o hemisfério esquerdo, mais analítico, domina e tem a palavra final nas ações que desempenhamos. A descoberta do domínio hemisférico tem sua raiz nos anos 1940, quando os cirurgiões decidiram começar a tratar a epilepsia com cortes do corpo caloso.

Após a recuperação os pacientes pareciam normais, mas nos círculos psicológicos eles se tronaram lendas. Isso porque esses pacientes revelariam, com o tempo algo que parecia incrível – que as duas metades de nosso cérebro tem cada um uma espécie de consciência separada. Cada hemisfério é capaz de ter sua vontade independente.



Fonte: O LIBERAL. Caderno Poder, seção Mundo. Pag. 10. Edição de 22.01.2011. Belém.Pará.



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