domingo, 24 de novembro de 2013

O RECRUTAMENTO DE MÃO DE OBRA



A edição deste domingo, 24/11/2013, de O Liberal, traz em sua prestigiadíssima coluna reporter70, a seguinte notícia com o título, EXPORTAÇÃO – Mão de obra:
“Uma empresa gigante do setor alimentício seleciona mão de obra em Bragança, entre jovens de 20 a 25 anos, com oportunidade em sua planta industrial de Lucas do Rio Verde. Quatro ônibus lotados seguiram para o Mato Grosso. Detalhe: Meses atrás, dois desses ônibus fizeram a mesma rota. Pelo que se vê o Pará exporta uma de suas maiores riquezas – o talento e a contribuição de jovens que partem para fazer a riqueza de outros”.
Os dois ônibus que meses atrás fizeram essa mesma rota saíram de Viseu, região Nordeste do Estado, levando quase uma centena de jovens, para trabalhar na unidade instalada da Sadia. Os jovens foram recrutados para substituir funcionários da empresa que naquela época estavam em greve.
Mas a razão mais forte para esse recrutamento de jovens em nosso Estado é que se trata de mão de obra muito mais barata desempregada, que vê na oportunidade uma alternativa na busca de melhores dias. O baixo preço pago à mão de obra contratada e praticada pela baixa qualificação de nossos jovens o torna essa prática um excelente negócio para os agenciadores desses jovens. Oferecem uma viagem em um ônibus confortável, a possibilidade de conhecerem novos, daí a facilidade com que conseguem realizar esse recrutamento.
Entretanto, a grande razão para essa aventura é a fuga de seus municípios, que não oferecem aos seus jovens nenhuma qualificação, muito menos oportunidade de poder construírem o seu futuro com dignidade. Até o momento nenhum administrador municipal levantou a voz contra esse estado de coisas, pois para muitos administradores essa situação pode ser até um alívio, pois com a dessa juventude para outros centros eles terminam por se livrar de uma enorme onda de pressão, por não oferecer a essa juventude nenhuma alternativa de futuro.
Assim a vida administrativa desses municípios se torna muito cômoda. Se de Viseu viajaram nessa aventura aproximadamente uma centena de jovens, para o governo do município são cem pessoas a menos para fazer pressão, para cobrar seus direitos.
Se vivêssemos em um país cuja economia estivesse produzindo níveis excelentes de produção, mas o que presenciamos é um Brasil que a cada ano apenas um PIBINHO, gerando uma preocupação imensurável nos pensadores econômicos. O PIB em baixa é sinal de baixa produção, então como entender esse novo Eldorado do Emprego?
Essa onda de empregos não pode nem ser considerada sazonal, mas sim emergencial, uma vez que esses jovens estão indo para a cidade de Lucas do Rio Verde apenas para ocupar postos de trabalho em razão de uma greve promovida pelos trabalhadores nessa indústria. E quando esse movimento grevista terminar? Quem trará de volta esses jovens?
É difícil de acreditar, mas pode estar acontecendo uma reedição da política escravagista de triste memória, que colocou os escravos brasileiros sem horizonte depois da edição da Lei Áurea. O que acontecerá com esses jovens depois que essa greve acabar?
Esperamos não ter um dia que precisar nos cotizar para pagar a viagem de retorno desses jovens que ontem deixaram Viseu e hoje estão deixando Bragança, cidades irmãs da Região Nordeste do Pará. Sucessos pra vocês jovens. Que encontrem lá no Centro Oeste, o que seus municípios berços, não puderam lhes oferecer, por culpa única e exclusiva das péssimas administrações municipais que nos últimos tempos tem governado sem qualquer compromisso com seu maior tesouro: Sua juventude. 

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