Rio Piria: Simplicidade, vida, alimento e conhecimento tradicional |
Na Região Nordeste
do Pará, um divisor entre o Primeiro e o Segundo Distrito (sic) do município de
Viseu, o Rio Piriá é sobretudo o responsável por alimentar grande parte da
população que habita aquela região. Com suas águas correntes as vezes até
assustadora, abriga grande variedades de peixes de água doce. É nas suas
margens, na época de cheias e período de inverno, que os pescadores da região se
embrenham nas suas vargens para pescar, mudando totalmente o jeito habitual da
pesca no período do verão.
Notável a
forma como os pescadores se organizam com suas redes ou espinheis fazendo uso
da pesca artesanal sem agredir o meio ambiente. Percebe-se que eles mostram
suas habilidades pesqueiras nestas águas escuras, que para quem não conhece,
certamente, não pegará um só peixe. O pescador precisa ter habilidade, coragem
e conhecimento tradicional para se embrenhar nas vargens, entrar na água, que também
esconde outros predadores e fazer as veredas (caminhos) entre espinhos de
marajá ou tintara (planta nativa da região) tucunzeiras e cipós, onde será
lançada a rede ou o espinhel.
É assim com
esse jeito brejeiro e caboclo que muitos moradores do rio Piriá alimentam suas
famílias no período do inverno quando o rio enche e leva o peixe para bem
longe.
Posso dizer isso
com toda a segurança. Acompanhado de um
grupo de nativos da região me lancei a tal aventura. Essa é o tipo de atividade,
onde um citadino não teria coragem e conhecimento suficiente para pescar. As águas
volumosas, correntes e escuras do Piriá apresentam esse desafio.
É com essa
simplicidade que muitos se sustentam e se deliciam em fartura degustando de
maneira sadia o peixe natural das mais variadas espécies da cabeceira do Rio Piriá:
Pacu, Mandi, Pintado, Aracu, Anujá, Jandiá, Acari, Traíra, Tubio e tantos
outros. Em toda sua extensão de
aproximadamente 720 km oferece alimentação aos seus habitantes.
O Rio Piriá é
o segundo rio mais importante do município de Viseu/Pa. Suas
águas se cruzam com as águas do Rio Caetecueira e o Rio Gurupi. Juntos desaguam no Atlântico. As margens deste rico rio oferece aos habitantes vida, tranquilidade, fartura e
alimentação natural.
Um tesouro a ser visitado por aqueles que tem espírito
aventureiro e são sobretudo amantes da natureza.
Alguns
registros deste recanto da Amazônia.
*Raimundo Gonçalves da Silva é
funcionário público, professor, historiador, memorialista, presidente da
Academia de Letras do Brasil, Seccional Viseu, autor da obra VISEU Histórias
entre Passado e Presente.
Nosso rico Viseu, em história e conhecimento, parabéns professor, pela sua narrativa
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