terça-feira, 2 de novembro de 2021

BELÉM DO PARÁ: Um passeio pelas ruas de Belém

Praça da República

Havia muito tempo que não dava um passeio pelo centro de Belém. Curiosamente, o corre corre do dia a dia, nos leva a caminhar pela cidade, sem prestar muita atenção nas belezas que nos cercam. Hoje foi um dia diferente.

Logo cedo, fui até o cemitério visitar o túmulo de meus avós maternos, meu pai e meu sobrinho. Terminei minha missão bem cedo. Sem ter muito o que fazer, resolvi dar um passeio pela mais charmosa avenida de Belém, a Avenida Presidente Vargas.

Comecei lá pela confluência da Presidente Vargas com a Gama Abreu. Dois suntuosos prédios: O Instituto de Educação do Pará e o Edifício Manoel Pinto da Silva. Não colhi o registro fotográfico de nenhum desses dois monumentos.

Começo minha caminhada pela Praça da República por um local, onde, salvo engano, era o local em que nos tempos de Belém Império, ficava a forca, onde eram castigados aqueles que mereciam esse castigo. Também, ali, também, se não me trai a memória, foi o primeiro cemitério de Belém. Antes tinha uma placa de sinalização turística. Hoje não existe mais.

Aqui era a forca

Caminhando um pouco mais chego até o coreto que fica atrás do Teatro da Paz. Aquele coreto foi por alguns anos o reduto do Albertinho Bastos, figura icônica de nossa cultura paraense. Quando realizava a pesquisa que resultou na obra biográfica da professora Margarida Schivazappa, a Primeira Dama do Teatro Paraense, colhi um depoimento do professor Gelmirez de Melo e Silva, que dizia, que o coreto, as vezes era usado pelos membros do Teatro do Estudante do Pará para fazer seus ensaios. Do coreto olhamos para os fundos do Theatro da Paz.

O coreto do Albertinho Bastos e da Margarida Schivazappa


Theatro da Paz visto pelos fundos

Sigo pela calçada da Praça da República e paro diante de um banco, que fica bem em frente ao Hotel Princesa Louçã, antes Hilton Hotel e muito antes, O Grande Hotel, sacrificado em nome da modernidade. Aquele banco também tem um simbolismo muito forte. No tempo que a Avenida Presidente Vargas era o templo dos grandes carnavais, havia um bloco carnavalesco formado por jovens da alta sociedade paraense: Unidos da Bandalheira. Aquele banco era o ponto de concentração dos brincantes. Próximo do banco havia também a estátua de uma sereia de bronze. Sumiu! Ninguém sabe, ninguém viu...
O Banco do Unidos da Bandalheira

Uma placa com a letra da canção Bom dia Belém, de autoria de Adalcinda Camarão, boavistense de nascimento, minha conterrânea, feita em parceria com Edyr Proença (veja ao fim dessa postagem a letra desse hino a Belém).
Hino a Belém: Bom dia Belém! 

Um pouco mais adiante, o Bar do Parque, reduto da boemia e dos notívagos que varavam dias e noites naquele templo. O nosso mais famoso poeta, Ruy Paranatinga Barata, fazia daquele templo o seu segundo lar.
O Bar do Parque 
Hoje, os tempos mudaram muito aquele lugar. Antes eu cheguei a serenar por várias noites naquele Bar do Parque na companhia do amigo Fernando Canto. Escritor, Antropólogo, carnavalesco, cantor, compositor, um cara multicultural. Aliás, Fernando Canto foi quem muito me incentivou a escrever a biografia da professora Margarida Schivazappa. Hoje, Fernando Canto reside em Macapá e além de professor d UNIFAP é presidente da Escola de Samba Unidos do Laguinho. Hoje comi uma tapioquinha e bebi um suco de laranja.
Tapioquinha com suco de laranja
Alguns passos à frente, o Núcleo de Artes da Universidade Federal do Pará. Naquele lugar, a convite do amigo Fernando Canto, levamos o Grêmio Recreativo Escola de Samba Deixa Falar, do bairro da cidade Velha para participar da primeira exposição Cinzas do Carnaval. Eu era da Diretoria de Harmonia da Escola.
O Núcleo de Artes da UFPA

Ao lado do Núcleo de Artes da UFPA, o Teatro Waldemar Henrique, um teatro experimental que está sempre de portas abertas para os grupos de teatro do Estado.
Teatro Waldemar Henrique
A Avenida Presidente Vargas, diferente do costumeiro movimento diário nos dias de semana, estava quase deserta, pouco movimentada.
Presidente Vargas deserta
Estava chegando às margens da Baia do Guajará. Antes, comtemplo a suntuosidade do prédio onde hoje funciona a Companhia das Docas do Pará. 
Companhia das Docas do Pará 
Na Praça Pedro Teixeira, uma estátua da figura homenageada, imponente, parece dar as boas-vindas às pessoas que chegam na Estação das Docas. Naquele local fica a Escadinha do Cais do Porto. Era onde, antigamente, desembarcavam os passageiros que chegavam a Belém. Chegavam nos navios Leopoldo Peres, Lobo D’Almada, Presidente, todos da conhecida frota branca da SNAPP.
Pedro Teixeira
Finalmente, chego à Estação das Docas, hoje um dos complexos turísticos mais importantes da cidade de Belém. Antigos armazéns do cais do porto foram transformados em pontos de lazer, onde encontramos bares e restaurantes onde encontramos o que de melhor existe na culinária paraense. Ali, na Estação das Docas, termino meu passeio. Antes de ir embora aproveito para tomar um chopp bem gelado na Amazon Beer Belém.
Valeu a pena!
Refrescando o calor


Bom Dia Belém!

Adalcinda Camarão e Edyr Proença

Há muito que aqui no meu peito

Murmuram saudades azuis do teu céu

Respingos de orvalho me acordam

Luando telhados que a chuva cantou

O que é que tens feito, que estás tão faceira

Mais jovem que os jovens irmãos que deixei

Mais sábia que toda a ciência da terra

Mais terra, mais dona, do amor que te dei

Onde anda meu povo, meu rio, meu peixe

Meu sol, minha rede, meu tamba-tajá

A sesta, o sossego na tarde descalça

O sono suado do amor que se dá

E o orvalho invisível da flor se espalhando

Cantando cantigas e o vento soprando

Um novo dia vai enunciando, mandando e

Cantando cantigas de lá

 

Me abraça apertado que eu vou chegando

Sem sol e sem lua, sem rio e sem mar

Coberta de neve

Levada no pranto dos rios que correm

Cantigas no ar

Onde anda meu barco de vela azulada

De foi depenada sumindo sem dó

Onde anda a saudade da infância na grama

Dos campos tranquilos do meu Marajó

Belém, minha terra, meu rio, meu chão

Meu sol de janeiro a janeiro, a suar

Me beija, me abraça que eu

Quero matar a imensa saudade

Que quer me acabar

Sem círio de virgem, sem cheiro cheiroso

Sem a chuva das duas que não pode faltar

Murmuro saudades de noite abanando

Teu leque de estrelas

Belém do Pará!


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