domingo, 5 de setembro de 2010

INJUSTIÇA DE CORRUPTO: Sob o manto da impunidade.


Assistindo ao horário gratuito do TRE ficamos estupefatos com o aparecimento de um candidato comentando o indeferimento do pedido de registro de sua candidatura pelo Tribunal Superior Eleitoral: “Estou me lixando para meus inimigos!”.
Em outro momento, durante uma grande festa promovida por seus correligionários, outro candidato também ameaçado pela perda de registro de sua milionária candidatura (nas eleições municipais de 2008, segundo informações de “cocheira” ele financiou 804 candidatos a vereador), procurou tranqüilizar seus simpatizantes: “Sei que o TSE vai indeferir o registro de minha candidatura, mas o STF vai mantê-la”.
A respeito do assunto reproduzimos matéria publicada em um jornal de nossa capital, com o seguinte título: Injustiça de corrupto.
“Corruptos, quando não tem mais o que fazer, sempre escolhem os eleitores para transformá-los nos sustentáculos, nos últimos pilares capazes de sustentar-lhes o mandato.
Corruptos, quando não têm mais o que dizer, sempre engatam o mesmo discursos de que o mundo está contra eles. Reclamam, quase aos prantos, que são perseguidos, que os “inimigos” querem tirar-lhes o mandato e coisas do gênero.
Conversa fiada.  Pura conversa de corrupto.
Homens públicos com reputação posta na sarjeta acham que os eleitores não sabem identificá-los como ímprobos e estão sempre a vontade para votar neles.
Porque são eleitos e reeleitos, muitos elementos que desonram a política e a vida pública acham que estão absolvidos.
Que nada! Corruptos que se reelegem sucessivamente e tentam, por todos os meios, conservar mandatos ou pugnar pela validade de suas candidaturas, agora alvejadas pelos rigores da Lei da Ficha Limpa, se valem da lábia e de outros expedientes escusos para se manter na vida pública.
Isso não os impede, é claro, de arrotar arrogâncias e até mesmo de expender considerações sobre supostas injustiças que estariam sendo alvo, quando se vêem na mira de criticas, de condenações morais ou até mesmo de condenações proferidas pelo Poder Judiciário.
Corruptos sabem o que fazem, eis que dilapidam os cofres públicos sem descanso, dia e noite, noite e dia, todo o dia e o dia todo.
Mas corruptos nem sempre sabem o que dizem. Se soubessem, não diriam que são alvo de injustiças.
Injustiças, a rigor, são os corruptos que perpetram contrata tudo e contra todos.
Um dilapidador que sonega dinheiro para a saúde concorre para o péssimo atendimento nos postos e para constrangimentos de toda a ordem enfrentados por gente humilde, pobre.
O corrupto que alivia os cofres públicos impede que enormes somas de dinheiro sejam empregadas na educação, no saneamento, na limpeza de ruas, na segurança. Enfim, o corrupto retira da administração as condições plenas que ela deveria ter para minimizar deficiências e carências que afetam a coletividade e, nesta, sobretudo, o segmento menos provido de recursos.
O corrupto que se entrega ao esporte, ao hobby de desviar recursos públicos em proveito pessoal comete uma ignominiosa injustiça quando exibe patrimônios reluzentes, amealhados com o dinheiro dos outros, enquanto milhares de pessoas não têm casa para morar ou residem em condições sub-humanas, em casebres, em barracos erguidos nas periferias das cidades, principalmente em áreas de invasão.
O corrupto que reclama de injustiça comete inomináveis injustiças quando se torna, ele mesmo, referencia negativa para milhares de pessoas que passam a ter uma noção equivocada de política.
O corrupto que se diz injustiçado ou então se alvo de suposta perseguição de inimigos é aquele que comete injustiças quando usa o dinheiro obtido com a corrupção para defender-se de acusações constantes de dezenas de processos que tramitam em várias instancias do judiciário.
Por essas e outras é que o corrupto que se preza também deve ser um bom ator, deve ser bom de encenação.
Além disso, deve mostrar certas habilidades cultivadas pelos prestidigitadores, pelos mágicos, pelos ilusionistas.
O corrupto se vale do ilusionismo para se fazer de vítima. Para disseminar a impressão de que seria um homem de bem. Imaculado, puro e acima de qualquer suspeita, mas que estaria sendo alvo de um complô para prejudicá-lo.
É outro engano. O corrupto é quem prejudica a coletividade. A roubalheira acaba privando a comunidade de benefícios que poderia alcançar se o dinheiro público desviado fosse empregado com sobriedade e zelo.
Ninguém se iluda, portanto, com a lengalenga de corruptos que sabem muito bem o que fazem, mas não sabem o que dizem.
EDITORIAL. Jornal O Liberal. Caderno Atualidades. Pag. 3, seção opinião. Belém – Pará. 05.09.2010.

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